O Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT) pediu na semana passada a condenação do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet após ofensas racistas e homofóbicas contra Lewis Hamilton. A ação pede uma indenização de R$ 10 milhões como forma de reparação por danos morais coletivos. O processo segue para a 20ª Vara Cível de Brasília. O valor deve ser utilizado para abrir editais a órgãos que defendem temas e questões que envolvem os grupos atingidos.

O caso ocorreu em 2021, quando Piquet ofendeu Hamilton em uma entrevista ao canal ‘Motorsport Talks’, mas o vídeo repercutiu nas redes sociais no ano passado. Na entrevista, Piquet chama Hamilton  de “neguinho” ao comentar um acidente envolvendo o inglês e Max Verstappen no Grande Prêmio de Silverstone de Fórmula 1, na Inglaterra.

“O neguinho meteu o carro e não deixou (Verstappen desviar). O neguinho deixou o carro porque não tinha como passar dois carros naquela curva. Ele fez de sacanagem. A sorte dele foi que só o outro se f*deu. Fez uma p*ta sacanagem”, diz Piquet na entrevista.

“O ‘neguinho’ devia estar dando mais o c* naquela época”, disse ainda o ex-piloto.

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Para o MPDFT, houve “violações aos direitos da vítima e da população negra e LGBTQIA+. A atitude do tricampeão mundial traduz claramente a sua concepção do profissional de cor negra, incapaz de ser bem-sucedido em razão de sua competência, fazendo-se necessária a utilização de outros meios, tais como a subjugação, a humilhação e a inferiorização diante de pessoas brancas que seguem os padrões heteronormativos”, diz parecer.

A defesa de Piquet diz que as falas dele não configuraram racismo, mas sim injúria racial. O processo investigatório criminal instaurado para apurar a injúria racial foi arquivado por desinteresse da vítima. Na época, Piquet justificou as falas e pediu desculpas publicamente para Lewis Hamilton. “Peço desculpas de todo o coração a todos que foram afetados, incluindo Lewis, que é um piloto incrível, mas a tradução em algumas mídias que agora circulam nas redes sociais não está correta. A discriminação não tem lugar na F-1 ou na sociedade e estou feliz em esclarecer meus pensamentos a esse respeito”, disse o ex-piloto.