30/09/2025 - 9:26
A caminho de completar uma década em atividade, a fintech Neon se vê em fase de amadurecimento. Com uma base de mais de 32 milhões de clientes, a instituição financeira conseguiu aparar as perdas na metade inicial deste ano e chegou a apresentar lucro no primeiro trimestre, diante da contínua expansão do crédito. Mas a concorrência em um mercado disputado e o cenário de juros elevados ainda representam obstáculos ao objetivo de consolidar um negócio consistentemente lucrativo.
No primeiro semestre, a fintech registrou prejuízo de R$ 35 milhões, uma melhora em relação ao saldo negativo de R$ 265 milhões verificado em igual período de 2024. No final do ano passado, a Neon havia atingido o breakeaven – ponto em que as receitas de uma empresa finalmente se igualam aos custos. O ímpeto se estendeu para o primeiro trimestre de 2025, quando houve lucro líquido de R$ 9,3 milhões. Nos três meses seguintes, porém, a linha voltou a ficar negativa.
“Não houve nada pontual”, garante o diretor de Tecnologia (CTO) e vice-presidente de produtos da Neon, Wilton Pinheiro. “É simplesmente uma dinâmica de carteira, inclusive com um prejuízo menor do que esperávamos”, explica.
O objetivo ainda é o de obter uma trajetória de ganhos sustentáveis, guardadas as devidas sazonalidades, de acordo com Pinheiro. “Não estamos fazendo guidance, mas se você imagina que a curva é positiva, então a tendência é de em 2026 termos um número muito melhor, recorrentemente positivo”, pontua.
Novas contas
No percurso até essa meta, a fintech abriu 2,4 milhões de novas contas no primeiro semestre, 23% a mais que no mesmo intervalo do ano anterior. Em junho, as contas ativas saltaram 13% na comparação com igual mês de 2024, para um número não divulgado. O desafio central agora é ampliar a principalidade, ou seja, o volume de clientes que tenham a Neon como principal banco. “Queremos que as pessoas que venham para cá queiram realmente usar os serviços da Neon e que possamos ajudá-las no dia a dia”, diz Pinheiro.
Funding
A Neon também segue trabalhando pela independência de funding. Em julho, a empresa concluiu uma rodada de investimentos Série E, que captou cerca de R$ 720 milhões. O quadro de acionistas passou ter dois novos investidores: a International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial para o setor privado, e a Deutsche Investitions- und Entwicklungsgesellschaft (DEG), subsidiária do Grupo KfW, principal banco de desenvolvimento da Alemanha.
Rebranding
Fundada em 2016, a Neon cresceu na mesma onda que popularizou bancos digitais como Nubank, Inter e PagBank. Tornou-se um unicórnio – startup avaliada em mais de US$ 1 bilhão – em 2022, após investimento do BBVA.
A fintech se posiciona mais fortemente entre o público das classes B e C e, para consolidar o processo, a fintech está apostando em um reposicionamento de marca com a assinatura “Pra Você Viver no Azul“.
“É um posicionamento que traz essa ideia de que nós amadurecemos. É uma empresa que tem nove anos, que cresceu com os clientes e tem muito mais gente que pode trabalhar com a gente”, conclui Pinheiro.
Desenvolvida em parceria com a agência de branding Ana Couto, a nova identidade visual da Neon mantém o azul e aposta em maior legibilidade do logotipo, que foi redesenhado.