Premiê defendeu plano de ocupar Cidade de Gaza, disse que país “não tem alternativa” da a recusa do Hamas em se render. Líder negou fome no enclave e criticou países que tem avançado no reconhecimento de Estado palestinoO primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, organizou uma entrevista coletiva neste domingo (10/08) para defender sua decisão de expandir a guerra e ocupar a Cidade de Gaza, uma decisão que gerou críticas no exterior e entre parte da população israelense.

Falando à imprensa, o premiê reafirmou a intenção de prosseguir com o plano, que deve ser executado em meio a uma onda de indignação internacional com as cenas de fome no território palestino.

“Dada a recusa do Hamas de baixar as armas, Israel não tem outra alternativa a não ser terminar o trabalho e derrotar o Hamas”, afirmou o premiê, acrescentando que grupo ainda teria “milhares de terroristas armados”. “Nosso objetivo não é ocupar Gaza, é libertar Gaza, libertá-la do terrorismo do Hamas.”

O grupo fundamentalista Hamas é considerado uma organização terrorista pela União Europeia (UE), Alemanha, Estados Unidos (EUA) e outros.

“Completamos grande parte do trabalho. Temos entre 70% e 75% de Gaza sob o controle militar israelense”, declarou o líder israelense. “Mas ainda nos restam dois baluartes: são a Cidade de Gaza e os campos” do centro da Faixa de Gaza. “ão temos outra opção para terminar o trabalho.”

A guerra em Gaza já se estende por 22 meses, e foi desencadeada por uma ofensiva terrorista lançada pelo Hamas, que deixou mais de 1.000 mortos em Israel. Já ofensiva de retaliação de Israel matou mais de 60 mil pessoas na Faixa de Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território.

Segundo o plano validado na sexta-feira pelo gabinete de segurança israelense, o exército agora “se prepara para tomar o controle da Cidade de Gaza”, no norte do território e destruída em grande parte.

“Em primeiro lugar, desarmar o Hamas. Em segundo lugar, libertar todos os reféns. Em terceiro lugar, desmilitarizar Gaza. Em quarto lugar, Israel exercerá um controle de segurança preponderante. Em quinto lugar, uma administração civil pacífica não israelense (…) É o que queremos ver em Gaza”, disse o primeiro-ministro.

Netanyahu afirmou que será permitido à população civil “abandonar com toda a segurança as zonas de combate para ir para zonas seguras designadas” e que esta receberá provisões “em abundância”.

Fome

Netanyahu também continuou negando que haja fome em Gaza e afirmou que a situação está sendo exagerada. Ele apenas admitiu que há “privação” em Gaza, mas disse que “ninguém em Gaza teria sobrevivido após dois anos de guerra” se Israel estivesse implementando uma “política de fome”.

O líder israelense voltou a acusar o Hamas de saquear os caminhões com ajuda para os civis palestinos e a ONU de “se negar sistematicamente, até há pouco, a distribuir os milhares de caminhões que deixamos entrar em Gaza”.

“Vamos designar corredores protegidos” para a distribuição de ajuda e “aumentar o número de pontos de distribuição de ajuda da GHF”, a fundação privada apoiada por Estados Unidos e Israel, acrescentou.

O primeiro-ministro também denunciou o que chamou de uma campanha global de mentiras contra Israel. “As únicas pessoas que hoje em dia estão deliberadamente famintas em Gaza são nossos reféns, famintos por culpa dos monstros do Hamas”, afirmou. Israel “vencerá a guerra com ou sem o apoio de outros” países, assegurou.

Neste domingo, o Ministério da Saúde de Gaza, disse que mais cinco pessoas morreram de fome no território, elevando a contagem de mortos por desnutrição desde o início da guerra a 217, incluindo 100 crianças.

Rejeição de reconhecimento de um Estado palestino

Benjamin Netanyahu também disse neste domingo que reconhecer um Estado independente dos palestinos “é convidar para uma guerra futura e uma guerra certa”, algo a que, segundo ele, “o público israelense se opõe veementemente” atualmente.

“Os palestinos não buscam criar um Estado. Buscam destruí-lo. Por isso se opuseram ao movimento nacional judeu para criar Estados, chamado sionismo”, afirmou Netanyahu.

“Se querem viver aqui conosco, têm que deixar de buscar nossa destruição, e dar-lhes um Estado independente com todos os luxos é convidar a uma guerra futura e a uma guerra certa”, disse.

Um dos princípios aprovados na última sexta-feira por Israel para o fim da ofensiva em Gaza é estabelecer ali uma administração que não seja nem da Autoridade Palestina nem do Hamas. Sobre essa administração, Netanyahu disse hoje que há “vários candidatos”, sem especificar a quem se referia.

“Estamos falando de vários candidatos, várias estruturas, e é um período de transição. É uma autoridade de transição”, afirmou, para depois acrescentar que Israel não quer permanecer em Gaza. “Esse não é nosso propósito, ao menos não o meu”, explicou.

jps (EFE, AFP, lusa)