23/03/2015 - 17:05
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu deverá ser chamado esta semana para formar o próximo governo israelense após conseguir assegurar a maioria de direita, entre os 120 deputados do novo Parlamento.
Pelo menos 67 parlamentares dos 120 deputados manifestaram apoio ao atual primeiro-ministro ante o presidente do país, Reuven Rivlin, para que receba a missão de formar o novo Executivo, anunciou o porta-voz da presidência Jason Pearlman.
O presidente receberá na quarta-feira à noite o primeiro-ministro Netanyahu, no cargo desde 2009, para solicitar formalmente a formação do governo, segundo Pearlman.
O primeiro-ministro de 65 anos, que surpreendeu todas as pesquisas ao vencer seu adversário trabalhista Isaac Herzog nas eleições de 17 de março.
No sistema político israelense, o presidente deve consultar os diferentes partidos representados na Knesset para decidir quem tem mais chances de formar um governo de coalizão.
Rivlin realizou suas consultas no domingo e nesta segunda-feira.
A partir do momento que for designado, Netanyahu terá 28 dias, renováveis por mais 14 dias, para formar um governo. A corrida pelas pastas foi lançada praticamente no dia seguinte às eleições.
Mas antes de se preparar para formar seu próximo governo, Netanyahu tenta abafar os críticos apresentando nesta segunda-feira um pedido de desculpas por suas declarações sobre os árabes israelenses durante a campanha eleitoral.
“Eu sei que minhas declarações na semana passada ofenderam alguns cidadãos israelenses e membros da comunidade árabe-israelense. Esta nunca foi minha intenção. Peço desculpas por isso”, disse Netanyahu.
Poucas horas antes do fechamento das urnas, Netanyahu lançou um forte apelo para incentivar os partidários do Likud, o seu partido, a votar.
“O poder da direita está em perigo. Os eleitores árabes chegam em massa às urnas. As associações de esquerda os levam em ônibus”, declarou na ocasião.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, criticou as palavras de Benjamin Netanyahu. “Este tipo de retórica é contra a mais pura tradição israelense”, acrescentou.
Contrariando as expectativas, Netanyahu venceu o seu terceiro mandato consecutivo, contrariamente ao que as pesquisas apontavam.
E agora, como é provável, o governo deverá ser formado pela maioria parlamentar que apoia Netanyahu, claramente mais à direita do que precedente.
Netanyahu recebeu o apoio dos deputados de seu partido (Likud), de dois partidos nacionalistas (Lar Judeu e Israel Beiteinu), de dois partidos ultraortodoxas (Shass e Judaísmo Unificado da Torah) e do partido de centro-direita Kulanu.
Os ultraortodoxos devem retornar ao governo depois de serem excluídos em 2013. Em contraste, as formações centristas de Tzipi Livni e de Yair Lapid devem sair.
Livni e Lapid foram demitidos em dezembro por Netanyahu, justificando a indisciplina de seu governo. A partida da dupla conduziu, mais de dois anos antes do prazo de 2017, às eleições legislativas antecipadas.
O presidente israelense contava com um governo de unidade nacional para enfrentar as pressões externas e os desafios internos e para acabar com a instabilidade governamental crônica. Mas os resultados das eleições contrariam tal projeto.
Primeiro-ministro desde 2009, Netanyahu irá formar seu governo em um contexto complicado.
A campanha eleitoral deteriorou ainda mais as relações entre ele e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. O governo americano foi contrariado por Netanyahu, que discursou em 3 de março perante o Congresso contra o acordo em curso de negociações sobre a questão nuclear iraniana.
A administração Obama também declarou que reavaliará o seu apoio a Israel nas Nações Unidas, após as declarações de Netanyahu durante a campanha enterrado a ideia de um Estado palestino coexistindo com Israel, caso ele se mantivesse como primeiro-ministro.
Desde então, Netanyahu lidera uma ofensiva diplomática para tentar abafar seus comentários.
A liderança palestina, por sua vez, pretende apresentar em 1º de abril as primeiras acusações de crimes de guerra contra os líderes israelenses do Tribunal Penal Internacional, enquanto o processo de paz está paralisado há quase um ano.
De acordo com vários especialistas, as atuais pressões por parte do governo americano teriam como objetivo influenciar a formação do novo governo israelense.