03/11/2022 - 18:50
Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro que permaneceu mais tempo no cargo na história de Israrel, considera que proteger seu país dos inimigos é a missão de sua vida.
Após as eleições legislativas de terça-feira, a quinta em três anos e meio, o ex-primeiro-ministro e seus aliados religiosos e de extrema-direita conquistaram a maioria dos assentos no Parlamento, o que abre a porta para sua volta ao poder.
O bloco de direita obteve 64 das 120 cadeiras da Knesset, anunciou a comissão eleitoral nesta quinta-feira (3).
Durante a campanha para esta eleição, todos concordaram em um ponto: a energia incansável para governar que Netanyahu mostrou.
Aos 73 anos, esse homem tão adorado, quanto abominado, percorreu o país com o “Bibimóvel”, um caminhão totalmente envidraçado e protegido, inspirado no veículo do papa.
Pela primeira vez desde 2009, Netanyahu não concorria como primeiro-ministro cessante, já que foi deposto do poder em junho de 2021 por uma coalizão heterogênea.
O político experiente nunca se aposentará por decisão própria, disse Aviv Bushinsky, seu ex-porta-voz e grande conhecedor do Likud, seu partido.
“Fará tudo o que for possível para formar uma coalizão, inclusive as coisas mais loucas”, disse Bushinsky à AFP. “Ele acredita ter recebido uma missão de Deus para salvar o país”, acrescentou.
Apesar da imputação por corrupção em uma série de processos judiciais – acusações que ele nega – “Bibi” tem o apoio inabalável de seus seguidores mais leais.
– Colonização –
Com sua voz rouca inconfundível e seus cabelos grisalhos sempre impecavelmente penteados, Netanyahu está profundamente marcado pela herança da direita israelense.
Nascido em Tel Aviv , em 21 de outubro de 1949, cresceu com a forte bagagem ecológica de seu pai, Benzion, que foi assistente pessoal de Zeev Jabotinsky, líder da tendência sionista chamada “revisionista”, a favor de um “Grande Israel” que inclua também a Jordânia.
Oposto ao processo de paz israelense-palestino de Oslo, que ele mesmo ajudou a enterrar, Netanyahu defende uma visão de Israel como um “Estado judeu”, cujas fronteiras se estendem até a Jordânia. Nesse sentido, apoia a anexação de áreas da Cisjordânia ocupada e suas medidas favoreceram um aumento das colonias.
Nos anos 1970, após a guerra dos Seis Dias (1967), o jovem Benjamin realizou seu serviço militar em um comando de elite.
Mas, no entanto, foi seu irmão mais velho, Yoni, que se destacou no exército.
Sua morte em 1976, durante o ataque israelense para libertar reféns de um voo Tel Aviv-Paris em Uganda, comoveu profundamente Netanyahu, que fez da “luta contra o terrorismo” um dos principais temas de sua carreira.
– Soldado, diplomata, primeiro-ministro –
Embora mantenha suas duras declarações contra os líderes palestinos, Netanyahu defendeu a recente normalização das relações com os países árabes (Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos).
Orador nato, Netanyahu é também um diplomata de carreira. Morou nos Estados Unidos, onde estudou e foi embaixador na ONU nos anos 1980.
Quando voltou para Israel foi eleito deputado, em 1988, pelo partido Likud, a grande formação da direita israelense. Logo se tornou a nova estrela da direita.
Sua acensão foi imparável até 1996 quando, aos 46 anos, se tornou o primeiro-ministro mais jovem da história de Israel. Mas seu governo durou apenas três anos.
Depois de algum tempo afastado, retornou à sua grande paixão: a política. Voltou a dirigir o Likud e foi eleito de novo primeiro-ministro em 2009, cargo no qual permaneceu até 2021.
“Soldado, lutei para defender Israel nos campos de batalha. Diplomata, rejeitei ataques à sua legitimidade em fóruns internacionais. Ministro das Finanças e primeiro-ministro, procurei fortalecer seu poder econômico e político entre as nações”, escreveu Netanyahu em sua biografia publicada recentemente.
No livro, acrescenta que, além disso, ajudou a “garantir o futuro de seu antigo povo”.