Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro que mais tempo permaneceu no poder em Israel, considera que salvar o seu país, do qual pretende recuperar as rédeas após as eleições legislativas de terça-feira, é a missão da sua vida.

Amado por uns e odiado por outros, todos concordam em um ponto sobre Benjamin Netanyahu: sua energia incansável a serviço de uma vontade ininterrupta de governar.

Aos 73 anos, em campanha para seu quinto mandato legislativo em menos de quatro anos, Netanyahu inovou desta vez e percorreu o país com o “Bibimóvil”, um caminhão totalmente envidraçado e protegido inspirado no veículo do papa.

Pela primeira vez desde 2009, Netanyahu não concorre como primeiro-ministro em exercício, tendo sido deposto do poder em junho de 2021 por uma coalizão heterogênea.

O político experiente nunca se aposentará por vontade própria, diz Aviv Bushinsky, seu ex-porta-voz e grande conhecedor do Likud, seu partido.

Apesar de sua acusação de corrupção em uma série de processos judiciais – acusações que ele nega – “Bibi” tem o apoio inabalável de seus seguidores mais fiéis.

Mas se o Likud não obtiver o desempenho previsto pelas pesquisas -cerca de 33 cadeiras, ou seja, a primeira força no Parlamento-, sua base eleitoral pode rachar, estima Bushinsky.

“Não há dúvida de que alguns funcionários do Likud vão pedir que ele se retire”, antecipa.

– Colonização –

Com sua inconfundível voz rouca, seu cabelo grisalho sempre impecavelmente penteado e muitas vezes vestido de azul, Netanyahu é o único primeiro-ministro da história do país que nasceu após a criação de Israel, em 1948.

Nascido em Tel Aviv em 21 de outubro de 1949, ele herdou a forte bagagem ideológica de seu pai, Benzion, que foi assistente pessoal de Zeev Jabotinsky, líder da tendência sionista chamada “revisionista”, favorável a uma “Grande Israel” que inclua a Jordânia.

Contrário ao processo de paz palestino-israelense de Oslo, que ele mesmo ajudou a enterrar, Netanyahu defende uma visão de Israel como um “Estado judaico” cujas fronteiras se estendem até a Jordânia. Nesse sentido, apoia a anexação da Cisjordânia ocupada e suas medidas favoreceram um aumento das colônias.

Nos anos 1970, após a Guerra dos Seis Dias (1967), o jovem Netanyahu presta o serviço militar em um comando de elite.

Mas foi principalmente seu irmão mais velho, Yoni, que se destacou no Exército. A morte dele, em 1976, durante a invasão israelense para libertar os reféns de um voo Tel Aviv-Paris, comoveu profundamente Netanyahu, que faria da “luta contra o terrorismo” um dos principais lemas de sua carreira.

– Soldado, diplomata, primeiro-ministro –

Embora mantenha suas declarações duras contra os líderes palestinos, Netanyahu defendeu a normalização recente das relações com países árabes – Emirados Árabes, Barein, Sudão e Marrocos – e sonha estendê-la à Arábia Saudita.

Orador nato, Netanyahu também é um diplomata de carreira. Viveu nos Estados Unidos, onde estudou e foi embaixador na ONU nos anos 1980.

Quando retornou a Israel, foi eleito deputado em 1988 pelo Likud, grande partido da direita israelense, do qual rapidamente se tornou o novo astro.

A ascensão de Netanyahu foi imparável até 1996, quando, aos 47 anos, ele se tornou o primeiro-ministro mais jovem da história de Israel. Seu governo, no entanto, durou apenas três anos.

Após permanecer afastado por algum tempo, retomou sua grande paixão, a política, voltou a liderar o Likud e foi novamente eleito premier em 2009.

“Soldado, lutei para defender Israel nos campos de batalha. Diplomata, rejeitei os ataques à sua legitimidade em fóruns internacionais. Ministro das Finanças e primeiro-ministro, procurei fortalecer seu poder econômico e político entre as nações”, escreve Netanyahu em sua biografia recentemente publicada.

Nele, ele acrescenta que também ajudou a “garantir o futuro de seus velhos”.