Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro que permaneceu mais tempo no cargo na história de Israel, iniciou nesta quinta-feira (29) seu terceiro reinado como chefe de Governo, apresentando-se como o grande defensor do Estado hebreu.

O “rei Bibi”, como é chamado por seus partidários, já havia sido primeiro-ministro de 1996 a 1999 e, depois, de 2009 a 2021.

Com sua voz rouca, cabelos grisalhos e carisma, ele divide o país.

Seus admiradores veem-no como a encarnação do novo “Rei de Israel” por sua firme defesa do país contra o inimigo, especialmente o Irã, percebido como o novo “Amalek”, o inimigo mortal dos hebreus na Bíblia.

Durante a campanha eleitoral que levou seu partido à vitória, esse homem tão adorado, quanto abominado, percorreu o país com o “Bibimóvel”, um caminhão totalmente envidraçado e protegido, inspirado no veículo do papa.

O político experiente nunca se aposentará por decisão própria, assegura Aviv Bushinsky, seu ex-porta-voz e grande conhecedor do Likud, seu partido.

“Ele acredita ter recebido uma missão de Deus para salvar o país”, comentou, em entrevista à AFP.

Apesar das acusações por corrupção em uma série de processos judiciais — as quais ele nega —, “Bibi” recebeu o apoio inabalável de seus seguidores mais leais.

Para seu retorno ao poder nesta quinta-feira, reuniu o governo mais à direita da história de Israel, formado por partidos ultraortodoxos, assim como por três legendas de extrema direita, incluindo Noam. O presidente deste último é abertamente hostil às pessoas LGBTQ+.

Uma posição que não impediu Netanyahu de nomear Amir Ohana, um deputado abertamente gay do Likud, como o novo presidente do Parlamento.

– Colonização –

Nascido em Tel Aviv , em 21 de outubro de 1949, “Bibi” cresceu com a forte bagagem ideológica de seu pai, Benzion. Ele foi assistente pessoal de Zeev Jabotinsky, líder da tendência sionista chamada “revisionista”, a favor de uma “Grande Israel” que inclua também a Jordânia.

Oposto ao processo de paz de Oslo entre palestinos e israelenses, que ele mesmo ajudou a enterrar, Netanyahu defende uma visão de Israel como um “Estado judeu”, cujas fronteiras se estendem até a Jordânia.

Nesse sentido, apoia a anexação de áreas da Cisjordânia ocupada, e suas medidas favoreceram um aumento das colônias.

Nos anos 1970, após a guerra dos Seis Dias (1967), o jovem Benjamin realizou seu serviço militar em um comando de elite. Mas foi seu irmão mais velho, Yoni, que se destacou no Exército.

Sua morte em 1976, durante o ataque israelense para libertar reféns de um voo Tel Aviv-Paris em Uganda, comoveu profundamente Netanyahu, que fez da “luta contra o terrorismo” um dos principais temas de sua carreira.

– Soldado, diplomata, primeiro-ministro –

Embora mantenha suas duras declarações contra os líderes palestinos, Netanyahu defendeu a recente normalização das relações com os países árabes, até agora obtida com Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos.

Orador nato, Netanyahu também é um diplomata de carreira. Morou nos Estados Unidos, onde estudou e foi embaixador na ONU nos anos 1980.

Quando voltou para Israel, foi eleito deputado, em 1988, pelo partido Likud, a grande legenda da direita israelense. Logo se tornou a nova estrela da direita.

Sua acensão foi imparável até 1996 quando, aos 46 anos, foi o primeiro-ministro mais jovem da história de Israel. Mas seu governo durou apenas três anos.

Depois de algum tempo afastado, retornou à sua grande paixão: a política. Voltou a dirigir o Likud e foi eleito, de novo, primeiro-ministro em 2009. Permaneceu no cargo até 2021.

“Soldado, lutei para defender Israel nos campos de batalha. Diplomata, rejeitei ataques à sua legitimidade em fóruns internacionais. Ministro da Fazenda e primeiro-ministro, procurei fortalecer seu poder econômico e político entre as nações”, escreveu Netanyahu em sua biografia publicada recentemente.

No livro, acrescenta que, além disso, ajudou a “garantir o futuro de seu antigo povo”.