A busca por crédito no País teve queda de 12% em setembro no confronto com agosto e um recuo de 19% em relação ao nono mês de 2021. É o que mostra o Índice Neurotech de Demanda por Crédito (INDC). Trata-se do segundo mês consecutivo de retração nas duas bases de comparação. Contudo, ante setembro do ano passado, o declínio é o mais acentuado desde janeiro de 2020, início da série histórica do INDC.

O declínio do INDC no mês passado aprofunda a tendência iniciada em agosto, quando a busca por financiamentos caiu 4% em relação a igual intervalo de 2021.

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Apesar de reconhecer uma piora na demanda por crédito, Breno Costa, diretor da Neurotech, pondera que é preciso avaliar que a redução na oferta foi maior ainda devido ao crescimento da inadimplência por conta do excesso de concessões.

“Isso levou a um processo de higienização dos canais de captura ou do seu apetite na geração de novos clientes por parte dos financiadores. Ocorreu o desligamento de certos canais e a redução da intensidade de verba de marketing. Assim, a quantidade de propostas de crédito diminui e isso é o que a gente está medindo aqui”, explica Costa.

O segmento varejista foi o principal a sentir os efeitos de redução na oferta, com a demanda por crédito caindo 35% em setembro ante igual mês de 2021, puxada pela retração na busca por financiamento para a aquisição de eletrodomésticos (45%), supermercados (40%) e vestuário (27%).

O elevado nível de endividamento das famílias e a contração da renda explicam o recuo, diz Costa. “Como grande parte da renda dos brasileiros está comprometida, há uma contração do apetite em realizar novos empréstimos, a não ser para renegociação de dívidas”, afirma o diretor da Neurotech.

No setor financeiro, por sua vez, houve recuo de 14% na demanda por crédito em setembro no confronto com o nono ano de 2021.

Apesar do momento desfavorável, não espera-se aprofundamento das quedas do INDC nos próximos meses. Uma das razões, segundo a Nerotech, é o desfecho das eleições, a proximidade da Copa do Mundo, as promoções advindas da Black Friday e o pagamento do décimo terceiro salário.

“Estes adventos em conjunto devem levar as instituições a lançarem novas campanhas, pois além da questão da inadimplência, há um maior conservadorismo com relação ao cenário atual devido à política”, estima Costa.

Ao mesmo tempo, o diretor da Neurotech menciona que parte da retração do INDC pode ser explicada pela espera de melhores oportunidades de consumo. “Quem deseja trocar um eletrodoméstico ou adquirir bem de consumo durável costuma esperar as promoções de fim de ano. Muitos estão aguardando a Black Friday e o início da Copa do Mundo, que sempre é marcado por promoções de televisores, por exemplo”, afirma.

Quanto ao pagamento do décimo terceiro salário, Costa lembra que o valor será utilizado por muitos consumidores para quitar dívidas. Desta forma, pode abrir um espaço no orçamento para novos empréstimos.

Portanto, o executivo afirma a demanda por crédito continua existindo, pois as pessoas não estão necessitando menos de crédito. Mas, quem concede crédito está mais seletivo, diz.

Mensal

A queda de 12% do INDC em setembro ante agosto, por sua vez, foi puxada pelo segmento de bancos e financeiras (-16%), seguido por varejo, com 12%. Já o setor de serviços exibe um desempenho positivo de 8%. Vestuários (-34%) e eletrodomésticos (-25%) são responsáveis pelas maiores retrações da demanda por crédito do varejo.