A procura por financiamento no País voltou a subir após registrar três quedas consecutivas. O Índice Neurotech de Demanda por Crédito (INDC) cresceu 20% em novembro no confronto com outubro e teve alta de 11% na comparação anual. No confronto com o penúltimo mês de 2022, houve expansão de 142% no segmento de serviços e de 11% no varejo. Em contrapartida, a busca por crédito de bancos e financeiras teve retração de 4%.

Sazonalmente esperada, a alta do INDC em novembro reflete a antecipação das vendas de fim de ano. É um período que “é sempre mais aquecido para as concessoras de crédito, principalmente quando falamos em comércio”, afirma Breno Costa, diretor da Neurotech.

Além do aumento das vendas provocado pela Black Friday e Natal, há um incremento da renda com o pagamento do 13º e férias que são utilizados por muitas famílias para quitar dívidas ou ampliar o consumo, acrescenta Costa. Na ocasião, novembro ante outubro, a demanda por crédito no varejo subiu 32%, o INDC de bancos e financeiras cresceu 30%.

Apesar do crescimento da procura por financiamento, o diretor da Neurotech pondera que ainda não se trata de tendência, de reversão do cenário registrado nos três meses anteriores. Isso porque, diz, prossegue o menor apetite pelo risco por parte de quem oferece crédito, dadas a perdas em razão da alta da inadimplência, que permanece.

“Há uma maior seletividade das instituições em dar crédito, o que provocou a redução do número de propostas entre agosto e setembro deste ano, devido ao aumento do risco provocado pelo elevado endividamento das famílias”, afirma.

Costa acrescenta que, “se do lado da oferta, a questão central é um maior conservadorismo e, portanto, menos investimentos em marketing e maior seletividade, do lado da demanda, o apetite por empréstimos e financiamentos continua”, explica.

De acordo com o executivo, os consumidores querem consumir, mas o cenário de endividamento elevado e de comprometimento da renda faz com que os ofertantes de crédito tenham cuidado adicional. Isso, completa, “ainda mais diante do forte aumento da inadimplência e do cenário incerto para 2023, provocado pela mudança de política econômica.”