17/04/2002 - 7:00
Poderia render um bom roteiro de desenho animado. Numa cidade sitiada, o mocinho está prestes a ser derrotado pelos invasores. Nos cinco minutos finais, a mão de um cartunista muda o destino da personagem. A cartunista em questão é a cubana Antoinette Zel. E a história bem poderia se chamar: o ano em que a presidente da MTV Networks Latin America conseguiu mudar o rumo de suas empresas. Depois de um ano de perdas ? a empresa não divulga números, mas garante que a receita publicitária caiu além do mercado, que registrou queda de 13% ?, a executiva conseguiu reverter a onda de azar. Em 2002, levantou as operações brasileiras de suas afiliadas, os canais de tevê MTV e Nickelodeon, que desembarcaram por aqui em 1990 e 1998, respectivamente. Nos primeiros quatro meses deste ano, a empresa voltou a crescer. Verbas publicitárias, que correspondem a 70% das receitas, retornaram. ?Em 120 dias já batemos o ano passado e crescemos 16% a mais?, comemora. ?O objetivo é dobrar as receitas até o final do ano.?
Muito falante, Antoinette deixa escapar os segredos da administração que está dando a volta por cima. A receita para crescer? Apostar em negócios paralelos à tevê a cabo, cuja penetração no Brasil está longe do sonhado. Por aqui, apenas 10% dos domicílios têm acesso ao luxo. Um dos novos filões do grupo será o licenciamento. ?Será nosso foco número um?, diz. Espera encontrar nas
gôndolas de lojas centenas de produtos como brinquedos do Jimmy Neutron, lençóis dos bebês Rugrats e material escolar dos Anjos. ?Nossa missão é crescer, pelo menos, 20% este ano?, lembra a executiva. ?Mas sabemos que podemos ir além.? A empresa estuda ainda a criação de uma revista Nickelodeon para o Brasil. Outra medida será reforçar a venda de blocos de programas para canais de tevê aberta, como Globo, SBT e Futura. É uma aposta alta. ?Investiremos mais de US$ 1 milhão no Brasil?, garante. Nada mal para um País que representa 25% dos negócios da companhia na América Latina. Para saber dos resultados de tudo isso, basta esperar pelos próximos esquetes desta cartunista.