23/01/2008 - 8:00
ESGOTADO O Wii sumiu das lojas nos Estados Unidos e no Japão, obrigando os consumidores a enfrentar filas quilométricas
“No more Nintendo Wii?s? ou ?We don?t have Wii?s queue.? Essas informações foram pregadas nas vitrines das principais lojas americanas na semana do Natal e continuaram duas semanas depois do Ano -Novo. Quem passou por Los Angeles, Las Vegas, Miami e Orlando, na esperança de ver o estoque reposto depois das festas, se decepcionou. A procura é tão grande pelo videogame que os atendimentos eletrônicos começam basicamente assim: ?Obrigado por ligar, não temos Wii?s no estoque, nem sabemos quando teremos. Em que posso ajudar?? O Wii tem o que qualquer empresa deseja: liquidez certa. O videogame lançado em novembro de 2006 foi uma febre em 2007, com mais de 10 milhões de unidades vendidas no mundo em cinco meses. Um terço só nos Estados Unidos. E tudo leva a crer que as vendas continuarão do mesmo jeito em 2008. Só tem um problema. A Nintendo não consegue suprir a demanda e sua preocupação se limita a dizer que a única fábrica em Tóquio, no Japão, trabalha a todo vapor. Não há planos de ampliação nem de construção de outra fora da Terra do Sol Nascente. ?O Wii criou um novo mercado. Ele vai além do gamer e chega até as mulheres acima de 25 anos. Elas já são 33% dos consumidores Wii?, diz Roberto Gomez, representante da Nintendo no Brasil. ?A empresa não estava preparada para esse consumo.?
Curioso é que essa empresa de um produto ? ela vende só videogames ? ultrapassou a marca de 10 trilhões de ienes (cerca de US$ 85 bilhões) em valor de mercado e, atualmente, é a terceira maior empresa de capital aberto no Japão. Fica atrás apenas da montadora Toyota e do maior banco japonês, o Mitsubishi UFJ Financial Group. O valor de mercado da Nintendo é quase duas vezes o da Sony, que tem um faturamento oito vezes maior do que o da concorrente. Dois produtos são responsáveis por tirar a Nintendo da forte estagnação em que vivia: o Wii ? que está em falta ? e o portátil Nintendo DS. Ambos alçaram a marca à liderança dos consoles, na frente do PlayStation 3, da Sony, e do Xbox 360, da Microsoft. Até abril de 2007, haviam sido vendidos 47,27 milhões de consoles DS e 218,24 milhões de jogos. O Wii vendeu 44,82 milhões de games e popularizou o controlador com sensor de movimentos. Nele, um jogo de tênis utiliza um controle que é movimentado como se fosse a própria raquete.
Para o Brasil, por ora, há poucos planos. Primeiro, porque o console, que é vendido nos EUA a US$ 249, não sai por menos de R$ 1.999. Os jogos do DS, que custam cerca de US$ 19, por aqui chegam a R$ 129,90. Os importadores colocam a culpa nos percentuais de IPI e ICMS que precisam pagar, de 50% e 25%. Por isso, no momento, apenas cinco funcionários da empresa panamenha Latamel formam a equipe da Nintendo no Brasil. ?Não temos planos de expandir fora do Japão. O volume de produção não compensa. Por enquanto, vamos oficializar a assistência técnica no Brasil?, diz um funcionário, que prefere se manter no anonimato. Ele diz que a empresa irá alavancar as vendas no País utilizando novos canais de distribuição, como os hipermercados. ?O brasileiro não se importa de pagar R$ 1.999 em dez vezes, se as prestações couberem no bolso?, avalia um técnico da Nintendo. Ocorre que os clientes estão insatisfeitos com a dificuldade para comprar o Wii e podem acabar migrando para outras marcas.