13/12/2017 - 14:00
Enquanto muitos se perguntam sobre a possibilidade de a recente supervalorização da Bitcoin ser uma bolha, empreendedores estão criando novas moedas virtuais para darem “lastro” a outras iniciativas. Uma das principais críticas à criptomoeda é a ausência de lastro no mundo físico. Porém, um empreendedor paulista inverteu essa lógica e quer usar uma nova moeda virtual, a Niobium, para dar lastro a títulos de startups, que seriam comercializadas como ações.
Parece estranho. E é. À medida que mais economistas se perguntam como pode um código de programação valer tanto, Fernando Barrueco está utilizando um código parecido para financiar projetos de novas empresas com caráter inovador. A Niobium está em seu processo ICO – sigla em inglês para Oferta Inicial de Criptomoeda – até o final de janeiro. A sua comercialização começou no dia 1º de dezembro. A moeda, como outras, é baseada no código original da Etherium, que possui um propósito mais comercial do que a Bitcoin.
A Niobium, que remete ao polêmico minério explorado em jazidas de Minas Gerais e Goiás, foi criada para permitir a capitação de R$ 5 milhões e dar condições de operação à Bolsa de Moedas Virtuais Empresariais de São Paulo (Bomesp). Diferentemente de outras bolsas de moedas virtuais, como a Mercado Bitcoin ou a CoinBR, a Bomesp promete a negociação de títulos, como se fossem ações, de startups por meio de moedas criadas a partir da Niobium.
A principal diferença é que, em um processo de IPO (sigla em inglês para Oferta Pública Inicial de Ações), a empresa entrega parte de seu capital social ao mercado. No caso das moedas, as startups ou até mesmo grandes empresas, comprometem-se a pagar bônus aos compradores. Daí vem o nome dado pelo criador da Niobium e fundador da Bomesp, Fernando Barrueco, de “reputation coins” – moedas de reputação, em inglês. “A ideia é que qualquer pessoa jurídica possa captar recursos por meio da emissão de suas próprias moedas digitais”, explica Barrueco.
Barrueco explica que a Bomesp funciona de forma semelhante à B3, maior bolsa de valores da América Latina. Nessa plataforma, será possível negociar o que ele chamou de ‘tokens’ das empresas. Cada empresa listada na bolsa teria sua própria moeda, baseada no código-fonte da Niobium e lastreada na operação da própria companhia. Assim, o valor de mercado dessas moedas seria o valor dado por investidores às companhias que as emitiram.
Hoje, ainda não existe qualquer mercado semelhante no mundo. “É uma bolsa de ativos digitais. Não existe validação neste novo mundo. Estamos trazendo uma facilidade para as empresas se capitalizarem. Sem bancos, sem intermediários”, afirma Barrueco.
Há um mês, ISTOÉ DINHEIRO publicou uma matéria sobre outras moedas virtuais brasileiras, entre elas a Niobium e a Anti Bureaucracy Coin (ABC). Leia mais.