A Nippon Steel está comprometida com a aquisição da U.S. Steel por 15 bilhões de dólares e está confiante que vai conseguir concluí-la até o final do ano, disse um executivo de alto escalão da companhia japonesa, apesar da forte oposição dos Estados Unidos, inclusive do presidente eleito Donald Trump.

“Não desistiremos do acordo… Não há estratégia global sem os EUA”, disse o vice-presidente da Nippon Steel, Takahiro Mori, à Reuters esta semana, após retornar de sua oitava visita aos EUA desde que o acordo com a centenária siderúrgica norte-americana foi anunciado há um ano.

Com a U.S. Steel, a Nippon Steel pretende elevar sua capacidade global de produção de aço para 85 milhões de toneladas por ano, de 65 milhões atualmente, e o ativo é fundamental para sua meta de elevar a capacidade para mais de 100 milhões de toneladas no longo prazo.

A transação enfrentou forte resistência de políticos dos EUA e da organização sindical United Steelworkers (USW). Trump reiterou oposição ao negócio nesta semana.

Perguntado se o presidente-executivo da U.S. Steel, David Burritt, permanecerá no cargo, Mori disse que a Nippon Steel selecionará a pessoa certa para o posto entre vários candidatos, incluindo Burritt, mas que nenhuma decisão havia sido tomada.

Mori, que tem liderado as negociações, manteve discussões com políticos e partes interessadas locais na cidade de Pittsburgh, no Estado de Pensilvânia, onde a U.S. Steel tem sede, durante a última viagem que fez aos EUA, mas não se encontrou com membros da nova administração de Trump.

O executivo se recusou a comentar se havia se encontrado com o presidente do USW, David McCall, durante a visita.

“Sentimos um apoio crescente da comunidade local”, disse Mori, observando que as discussões haviam mudado para questões mais substanciais, como o valor intrínseco do negócio, desde a conclusão da eleição presidencial dos EUA. “Estamos quase 100% confiantes de que fecharemos o negócio até o final do ano”, disse ele.

A Nippon Steel, quarta maior siderúrgica do mundo, obteve todas as aprovações regulatórias necessárias fora dos EUA para o negócio e está aguardando as análises do Comitê de Investimento Estrangeiro do país (CFIUS) e a liberação do Departamento de Justiça norte-americano (DOJ).

A siderúrgica japonesa prometeu não transferir nenhuma capacidade de produção ou emprego da U.S. Steel para fora dos Estados Unidos. A empresa também disse que não interferirá em nenhuma das decisões da U.S. Steel sobre questões comerciais, incluindo decisões de buscar medidas de defesa comercial.

OPÇÕES DE FINANCIAMENTO

O CFIUS deve tomar uma decisão sobre o negócio este mês. O comitê poderá aprovar o acordo ou recomendar que o presidente o bloqueie. A entidade também pode estender o período de revisão.

Se a aprovação das autoridades norte-americanas não for concedida, a empresa japonesa está disposta a tomar todas as medidas possíveis, incluindo ações judiciais, para garantir o negócio, disse Mori.

Para financiar a aquisição, a Nippon Steel já levantou alguns fundos por meio de financiamento híbrido e vendeu alguns ativos, como parte de um esforço para fortalecer sua posição financeira.

“Temos várias opções de financiamento permanente, incluindo aumento de capital. Selecionaremos as ferramentas financeiras mais adequadas”, disse Mori.

O acordo está sendo observado de perto no Japão, um aliado próximo dos EUA e seu maior investidor estrangeiro. No mês passado, o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, enviou uma carta a Biden, pedindo que ele aprovasse a aquisição. Mori disse que a empresa não solicitou a carta, mas reconheceu sua importância.

“É importante observar que o governo japonês está apoiando fortemente esse acordo e monitorando de perto os procedimentos adequados. Sou muito grato por isso.”