A escalada na cotação do dólar está mexendo com o humor dos executivos da subsidiária local da alemã BDF Nívea. E não poderia ser diferente, já que 80% dos produtos vendidos aqui pela empresa são importados. Mas a preocupação dos diretores não prejudicou a construção da fábrica de Itatiba (SP), a primeira no Brasil. Ao contrário. A produção local será a garantia contra os solavancos do câmbio. A unidade, prevista para entrar em operação em julho de 2002, vai consumir R$ 40 milhões. Nela serão produzidos itens da linha de hidratação corporal e de banho, além de protetores solares e desodorantes. ?Com ela, vamos reduzir as importações para 50%?, diz Paulo Zottolo, presidente da Nívea. O mais importante é que a empresa aumentou seu poder de fogo frente às rivais (L?Oreal, Procter & Gamble e Unilever), que já fabricam localmente. No bimestre maio-junho, a empresa conquistou a liderança na categoria hidratantes corporais, com a linha Body. Abocanhou 24% do mercado. Domina também o segmento de produtos para tratamento facial, com 35% das vendas.

Zottolo conta que o avanço da companhia no mercado brasileiro foi conquistado graças a uma política agressiva, que já custou aos alemães mais de US$ 200 milhões de investimentos no Brasil, desde 1995. A maior fatia desses recursos foi usada em ações de marketing e no lançamento de produtos. Zottolo ocupa o cargo desde 1996. Foi o primeiro brasileiro a assumir a posição. Ele garante que a variação cambial não desviará a empresa da rota traçada. ?Já consegui mostrar aos alemães que sempre existem boas oportunidades na crise.? Os números, até agora, indicam que Zottolo está certo. Em 1995, a Nívea faturava US$ 30 milhões no Brasil. Era conhecida apenas como a fabricante do creme da latinha azul. De lá para cá foram lançados outros 70 itens e as vendas saltaram para o patamar de US$ 150 milhões. A subsidiária pulou da 25ª para a 6ª posição dentre as mais importantes do grupo. O executivo não esconde o otimismo com o País. ?Apesar do dólar vamos crescer 42% este ano?, aposta.