26/12/2014 - 19:30
Com permissão para investir em juros, moedas, ações e derivativos, os fundos multimercados proporcionam liberdade máxima a seus gestores, que podem buscar oportunidades onde quiserem. No entanto, essa regalia foi, literalmente, de pouca valia em 2014. O ano foi marcado por instabilidades, principalmente no segundo semestre, devido às eleições. O melhor exemplo foi o comportamento do dólar, que atingiu taxas recorde, como a registrada na segunda-feira 15 de dezembro, quando chegou a R$ 2,72, maior patamar desde 2005.
“Quem soube observar esses movimentos e os impactos deles conseguiu capturar um bom retorno”, diz Carlos Takahashi, principal executivo da BB DTVM, maior gestora do País. No entanto, os solavancos do câmbio, a derrapada da inflação e a alta dos juros, que começaram a subir em agosto, surpreenderam muitos profissionais de mercado e tornaram rarefeitos os lucros. “Muitos gestores não conseguiram apresentar um desempenho consistente, embora o desempenho dos fundos tenha melhorado mais para o fim de 2014”, afirma ele.
Essa insegurança deve continuar. As perspectivas são de um dólar em R$ 2,70, em 2015, e a recomendação dos especialistas é de que o investidor tenha algumas verdinhas em seu patrimônio, se não de forma direta, pelo menos nos fundos multimercados do tipo juros e moedas. “Com o governo definido e a nova equipe econômica em ação, a volatilidade deve ser menor”, diz Eduardo Castro, executivo da gestora de recursos do banco Santander. Sem nenhuma surpresa, os melhores fundos multimercado no ano passado foram aqueles que se concentraram em ativos previsíveis, mais especificamente crédito.
Duas carteiras de pequeno porte da categoria multimercados estratégia específica, geridas pela empresa independente paulista Quatá Investimentos, apresentaram a melhor relação entre risco e retorno. Os fundos Prass e Quatá Multissetorial investem em fundos de recebíveis, conhecidos como FIDC. “Os recursos são aplicados em fundos dedicados a empresas de médio porte com um bom risco de crédito”, diz a administradora de empresas paulista Beatriz Degani, sócia da Quatá.
Ao longo de 2014, a empresa alterou sua estratégia e passou a investir também em créditos de empresas de grande porte, em um movimento preventivo de busca pela qualidade. “Fizemos esse ajuste tendo em vista um cenário mais adverso, com a economia crescendo menos”, diz ela. “A boa qualidade de crédito dessas empresas é o que gera rentabilidade para o fundo.” Focada em crédito, a gestora independente administra cerca de R$ 300 milhões e iniciou suas atividades em 2008, poucas semanas antes da explosão da crise do subprime.
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