Mesmo com a melhora apontada pelo IPCA de maio, a expectativa para a taxa básica de juros no fim de deste ano ficou estável no Boletim Focus. Em maio, o Copom decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano pela sexta reunião seguida.

A mediana para os juros básicos no fim de 2023 seguiu em 12,50% ao ano pela oitava semana consecutiva. Para o término de 2024, a expectativa também continuou em 10,00% pela 17ª vez. Há quatro semanas, as estimativas eram de 12,50% e 10,00%, nessa ordem.

Considerando apenas as 65 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2023 também permaneceu em 12,50%. Para o fim de 2024, por sua vez, houve queda de 10,00% para 9,75%, com 63 atualizações na última semana.

Na terceira reunião do Copom no novo governo Lula, o colegiado afirmou que a apresentação do arcabouço fiscal reduziu parte da incerteza, mas que a conjuntura é marcada por um processo de desinflação que tende a ser lento em meio às expectativas de inflação desancoradas. Segundo o colegiado, esse contexto demanda maior atenção na condução da política monetária.

O BC ainda repetiu que vai continuar vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa Selic por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação à meta. Mas acrescentou que o cenário de retomada da alta de juros é menos provável, embora garanta que não hesitará em tomar esse caminho caso o processo de desinflação não ocorra como o esperado.

Em entrevista recente à Globonews, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, reconheceu que o cenário está melhor, considerando números mais favoráveis da inflação corrente e sinais positivos à frente. Também destacou a queda na curva de juros longos com a aprovação do arcabouço fiscal na Câmara, mas ponderou que é preciso ver o efeito nas expectativas.

Na Focus, a projeção para a Selic no fim de 2025 continuou em 9,00%, mesma mediana de quatro semanas atrás. O boletim ainda trouxe a projeção para a Selic no fim de 2026, que cedeu de 9,00% para 8,75%, repetindo o porcentual de um mês antes.

Corte em setembro

Mesmo com a melhora generalizada observada nas projeções de IPCA – índice oficial de inflação -, a mediana das estimativas de analistas participantes do Boletim Focus ainda aponta para o primeiro corte da taxa Selic em setembro, conforme a mediana.

Após a surpresa desinflacionária no IPCA de maio (0,23%), cresceram no mercado financeiro na semana passada apostas de que o início do ciclo de queda da taxa básica de juros ocorra em agosto. Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano e tem sido alvo de ataques do governo Lula.

A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ocorre na semana que vem, nos dias 20 e 21. Segundo o Sistema de Expectativas do Mercado, base para a Focus, a expectativa é de que a Selic caia a 13,25% em setembro e termine o ano em 12,50%.