Ao fazer uma comparação entre o juro neutro no Brasil e no mundo, a diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Fernanda Guardado, destacou que o BC hoje trabalha com a taxa neutra nominal de longo prazo de em torno de 7,5%.

O cálculo considera o juro real neutro estimado em 4,5% e a meta de inflação de 3,0%, mas ela ponderou que há incertezas em torno desse patamar, até porque essa variável não é observável. “Considerando que as estimativas de inflação de 12 a 24 meses estão acima da meta de 3,0%, vai dar uma taxa nominal neutra um pouco mais alta do que os 7,5% que eu citei”, completou, na live semanal da autoridade monetária, cujo tema nesta segunda-feira foi “O mundo visto pelo BC: economia internacional”.

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Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de agosto, o comitê ressaltou que, em sua análise, é necessário manter uma política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante (2024 e, em menor peso, 2025) “para que se consolide a convergência da inflação para a meta e a ancoragem das expectativas”.

No último Copom, o BC iniciou o afrouxamento da taxa Selic, com um corte de 0,50 ponto porcentual, de 13,75% para 13,25% ao ano, o que surpreendeu parte do mercado, que esperava uma queda mais “parcimoniosa” de 0,25pp. No Boletim Focus, o mercado financeiro estima que a taxa Selic vai terminar 2023 em 11,75%, 2024 em 9,0% e 2025 e 2026 em 8,50%.

Fernanda Guardado ainda comentou que o Brasil tem uma taxa de juros neutra mais alta do que pares da região, como México, Chile e Colômbia, locais em que a taxa gira em torno de 0,5% a 2% em termos reais.

Segundo ela, os fatores que explicam essa diferença são a dívida pública brasileira, a produtividade, “que não tem crescido tanto” e o potencial de crescimento da economia, que “tem sido não tão alto”. “A gente tem historicamente taxa de juros neutra mais alta do que em outros países.”