?Aqui você pode?, ?vem ser feliz?, ?o lado bom da vida?. É bom prestar atenção no conceito desses motes, criados respectivamente por Casas Bahia, Magazine Luiza e Lojas Colombo. Seu teor será copiado e repetido por mais gente. É que o momento favorável da economia e o aumento no poder de consumo da baixa renda estão acirrando novamente a guerra entre os grupos varejistas em São Paulo. Não importa o tamanho da empresa, todas estão de olho nas classes C e D. O motivo é muito simples: esse segmento, que representa 87% da população brasileira, movimentou R$ 515 bilhões em 2006 (52% da massa total de renda). Nesta semana, duas gigantes do setor deram sinais de interesse no público. A Lojas Colombo, uma das mais fortes marcas gaúchas, anunciou uma ousada expansão, com planos de inaugurar, até 2008, 25 lojas na cidade de São Paulo. O Pão de Açúcar também estaria preparando a criação de uma rede que reunirá as 50 unidades da sua subsidiária ExtraEletro com os 57 pontosde- venda da rival Lojas Kolumbus.

Seguem assim o rastro daquela que é a rainha do varejo popular, a Casas Bahia, dona de 97 lojas na capital e responsável por quase metade dos R$ 20,8 bilhões movimentados pelo setor. ?A estabilidade econômica trazida pelo Plano Real e as iniciativas governamentais de transferência de renda derrubaram os preços dos alimentos. Com isso, o orçamento das classes C e D ficou mais folgado. As famílias passaram a gastar em itens que não consumiam, como celulares e computadores?, explica Luciana Aguiar, do Data Popular, um instituto de análise do mercado de baixa renda no Brasil.

O modelo é sempre a Casas Bahia. Tanto que a Colombo recrutou o publicitário Allan Barros e o ator Fabiano Augusto, criador e protagonista da bem-sucedida campanha publicitária ?Quer pagar quanto??. ?É um mercado de potencial gigantesco, mas com grandes rivais?, justifica Arnildo Heimerdinger, diretor comercial da Colombo. A idéia, garante, não é copiar a publicidade alheia, mas criar identidade original a um novo tipo de promoção: o ?Monte sua Oferta?. Se o varejo atualmente coloca em promoção 20% dos estoques, a campanha de Barros promete o inverso: nas lojas do Sudeste, 80% dos itens terão descontos agressivos. Não só isso, mas o cliente basicamente poderá escolher como e quando pagar pelas compras. ?Vamos dar ao consumidor o que ninguém deu?, afirma Barros.

Isso virará tendência, prevê Luciana. Ela aponta que não se trata de vender mais barato. É dar acesso a crédito com total flexibilidade a um público até então pouco assistido, que, por ser maioria, é o caminho para a liderança no mercado. ?Agora, todos serão mais maleáveis com o cliente.? A disputa vai longe e só há uma certeza: todos querem ser populares, no sentido mais próprio da palavra.