10/01/2014 - 21:00
Economicamente, boa parte do mundo – trazendo a reboque o Brasil – alimenta expectativas otimistas para o ano de 2014 que está começando. Indícios apontam para uma razoável garantia de crescimento estável em vários mercados, especialmente nos chamados países ricos e mesmo naqueles que estavam perigosamente endividados, como a própria Grécia. A onda positiva de ânimo que vem se espalhando contamina naturalmente os negócios. E o Brasil tem chances de sair em vantagem nesse movimento, caso faça o dever de casa.
Na semana passada, um levantamento realizado pelo instituto de pesquisas Pew revelou que 61% dos americanos têm uma opinião favorável ao Brasil, colocando-o à frente de outros emergentes do Brics, como México e Rússia. A visão dos EUA sobre seus parceiros ganha especial importância neste momento em que se espera um crescimento sonoro de 4% no PIB daquele país. Numa análise fria, se quem está em situação confortável, com retomada de recursos, enxerga com bons olhos determinada praça, é natural esperar um aumento de suas apostas para lá.
Agências de risco também avaliaram que, numa perspectiva de médio prazo, estrutural, não há razões para o rebaixamento da nota de avaliação brasileira. No contraponto dessas sinalizações, registrou-se por aqui uma saída recorde de mais de US$ 12 bilhões da economia. Com base nesse resultado, o Financial Times decretou sumariamente que a era de entusiasmo com o Brasil havia chegado ao fim. É decerto uma avaliação exagerada, que deixa de levar em consideração o todo. Uma postura que catastrofistas de plantão teimam em repetir. O Brasil não está no melhor dos mundos.
Mas nem tampouco caminha para o cadafalso. Com os números razoavelmente em ordem, sem dívidas impagáveis ou desemprego em massa, precisa apenas ajustar o foco, a rota de relacionamento comercial, em busca dos parceiros certos, para uma melhoria de sua balança cujos reflexos se espalhariam rapidamente. O ex-presidente Fernando Henrique em artigo recente apontou que é importante que o Brasil estreite relações com os Estados Unidos e a Europa, sem temer concorrência e multiplicando acordos bilaterais, para ganhar novo fôlego. É, sem dúvida, chegada a hora de o País se livrar das amarras regionais e da miopia de visão externa, em busca das receitas necessárias.