20/03/2017 - 7:52
Fabiano Alves de Souza, o Paca, e Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, são criminosos procurados pela Justiça, mas não são bandidos comuns. Segundo o Ministério Público de São Paulo, os dois fazem parte da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) e são “as vozes” da facção criminosa fora dos presídios. A suspeita das investigações é que ambos estão no Paraguai atuando no tráfico de drogas e armas. Além deles, outros bandidos são considerados “superprocurados” pela polícia.
Embora cada delegacia tenha a sua própria lista de foragidos, o Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas (Decade) centraliza as buscas por bandidos com mandados de prisão e tem uma lista dos doze mais procurados do Estado. São traficantes, assaltantes, estupradores e assassinos, cujas penas ultrapassam 150 anos prisão.
Paca entrou para a lista em 2011, após não retornar da saída temporária de Páscoa. Desde então, a polícia tem feito seguidas operações para tentar prendê-lo. O bandido faz parte da Sintonia Final Geral, a cúpula máxima do PCC, que tem Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, como chefe e conta com outros sete integrantes. O nome de Paca aparece na lista de procurados de dois dos departamentos mais importantes da Polícia Civil de São Paulo, o Deic (que combate o crime organizado) e o Denarc (que investiga narcotraficantes).
Em 2013 e 2014, após três grandes operações feitas pela Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise) de São Bernardo do Campo, os investigadores conseguiram as primeiras pistas sobre o seu paradeiro. Confirmaram que ele estaria no Paraguai e assumiu a tarefa de negociar armas e drogas para a facção após a morte do traficante Jorge Rafaat, conhecido como “rei da fronteira”, em junho do ano passado. Ele foi morto em uma emboscada na fronteira com Mato Grosso do Sul. Autoridades locais suspeitam que o crime foi encomendado pelo facção paulista.
Segundo os investigadores, a pior dificuldade da investigação é que Paca não tem residência fixa e um número restrito de bandidos conversa com ele.
Porta da frente. Gegê do Mangue estava preso havia cerca de 10 anos. Em sua ficha criminal constam passagens por homicídios, roubos e tráfico de drogas. Por determinação do juiz Deyvison Heberth dos Reis, da Vara de Execuções de Presidente Prudente, deixou o presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau em 2 de fevereiro, 18 dias antes de ser julgado por duplo homicídio. Segundo o magistrado, sua decisão se baseou no pedido do Ministério Público da cidade, que solicitou a “impronúncia do réu (Gegê)” após uma testemunha negar que o bandido tivesse participado de um assassinato. A promotoria ignorou, porém, o fato de que, em dois depoimentos anteriores, a testemunha o havia acusado.
Welinton Xavier dos Santos, o Capuava, apontado pela Secretaria de Segurança Pública como o maior traficante de São Paulo, também saiu pela porta da frente da cadeia em 2015 por determinação do desembargador Otavio Henrique de Sousa Lima, que lhe concedeu habeas corpus (HC). A medida custou a carreira do magistrado, que foi investigado pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e aposentado compulsoriamente por suspeita de libertar traficantes em troca de propina. Sousa Lima nega as acusações.
Capuava fora preso um mês antes em uma mansão em Santa Isabel, Grande São Paulo, junto com mais quatro suspeitos. No local, policiais do Denarc apreenderam 1,6 tonelada de cocaína pura, 980 quilos de produtos para mistura, quatro fuzis – um deles capaz de derrubar um helicóptero -, munições e carros com fundo falso para transportar drogas.
Após o Estado revelar a decisão do desembargador, o TJ-SP anunciou que o caso seria investigado e a Justiça decretou novamente a prisão preventiva de Capuava, que nunca mais foi visto. Segundo a polícia, informações mais recentes apontam que ele estaria na Bolívia e também no Paraguai ajudando o PCC a consolidar o domínio do tráfico de drogas e de armas para o Brasil.
Apontada como a traficante mais perigosa do Estado, Sônia Aparecida Rossi, a Maria do Pó, está há 11 anos foragida. Escapou da Penitenciária Feminina de Sant’anna, no Carandiru, na zona norte, em maio de 2006, e é a única mulher que aparece na lista dos bandidos mais procurados no site da Secretaria de Segurança Pública. Em 1999 foi apontada como a responsável pelo furto de 340 quilos de cocaína do Instituto Médico-Legal (IML) de Campinas, no interior.
Dificuldades. Segundo o diretor do departamento, delegado Osvaldo Nico Gonçalves, a principal dificuldade da polícia é que o Código Penal não autoriza escutas telefônicas na captura de procurados pela Justiça. “Fazemos um trabalho de inteligência para descobrir e cruzar dados para localizar os foragidos”. Em média, a Divisão de Capturas do Decade prende de 30 a 40 procurados por mês.
Entre os criminosos, o Decade está focado na prisão de assaltantes e próximos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.