08/10/2025 - 9:02
O japonês Susumu Kitagawa, o jordano-americano Omar M. Yaghi e Richard Robson, nascido no Reino Unido, ganharam nesta quarta-feira (8) o Prêmio Nobel de Química pelo desenvolvimento das estruturas metalorgânicas, que têm muitas aplicações práticas.
“Esses materiais, denominados estruturas metalorgânicas, podem ser usados para recuperar água do ar no deserto, capturar dióxido de carbono, armazenar gases tóxicos ou catalisar reações químicas”, especificou o júri em um comunicado.
Os nomes de Yaghi, de 60 anos, e Kitagawa, de 74, estavam há anos na lista para o prêmio de Química.
“As estruturas metalorgânicas têm um enorme potencial, pois oferecem oportunidades antes inimagináveis para criar materiais feitos sob medida com novas funções”, afirmou Heiner Linke, presidente do Comitê do Nobel de Química.
As descobertas inovadoras do trio foram realizadas no final da década de 1980 e início dos anos 2000.
Com essas revelações, “podemos imaginar a criação de materiais capazes de separar o dióxido de carbono do ar ou dos tubos industriais de escape, que poderiam ser usados para separar moléculas tóxicas da água residual”, explicou Hans Ellegren, secretário-geral da Academia Real das Ciências, que concede o Nobel.
O Comitê do Prêmio Nobel deu exemplos de aplicações concretas.
O grupo de pesquisa de Yaghi, por exemplo, “extraiu água do ar desértico do Arizona”, apontou. “Durante a noite, as estruturas metalorgânicas [MOF, na sigla em inglês] capturaram o vapor de água do ar. Quando chegou o amanhecer e o sol aqueceu o material, foi possível coletar a água”, acrescentou.
O trabalho do trio resultou em dezenas de milhares de novas redes moleculares diferentes criadas por outros cientistas. Essas redes poderiam, por exemplo, permitir a separação de contaminantes eternos PFAS da água, segundo Olof Ramström, professor de química orgânica e membro da Academia Real das Ciências.
– Descobertas separadas –
Em 1989, Robson, de 88 anos, realizou testes usando as propriedades dos átomos de uma forma inovadora com íons de cobre. “Quando foram combinados, uniram-se para formar um cristal amplo e bem organizado. Era como um diamante com muitas cavidades”, explicou o júri.
Robson percebeu o potencial de sua descoberta, mas a estrutura molecular era instável. Kitagawa e Yaghi forneceram então uma “base sólida” para o método de formação.
Entre 1992 e 2003, realizaram separadamente uma série de descobertas revolucionárias. Kitagawa “demonstrou que os gases podem entrar e sair das estruturas e previu que os MOF poderiam se tornar flexíveis”, indicou o Comitê.
Yaghi criou “um MOF muito estável” e demonstrou que pode ser modificado, conferindo-lhe propriedades “novas e atraentes”, acrescentou.
“Sinto-me muito honrado e feliz por minha longa trajetória de pesquisa ter sido reconhecida”, declarou Kitagawa em uma entrevista por telefone logo após o anúncio do prêmio.
No ano passado, o prêmio de Química foi concedido aos americanos David Baker e John Jumper, e ao britânico Demis Hassabis, por seu trabalho consistente em decifrar o código da estrutura das proteínas através da informática e inteligência artificial.
O Nobel de Química é o terceiro prêmio da temporada.
Na segunda-feira, foi concedido o Nobel de Medicina aos cientistas americanos Mary E. Brunkow e Fred Ramsdell e ao japonês Shimon Sakaguchi por suas “descobertas sobre a tolerância imunológica periférica”.
O prêmio de Física homenageou na terça-feira o britânico John Clarke, o francês Michel H. Devoret e o americano John M. Martinis por suas pesquisas no campo da física quântica.
A temporada dessas condecorações continuará na quinta-feira com o Nobel de Literatura e na sexta-feira com o da Paz. O Prêmio de Economia fechará a temporada na segunda-feira, 13 de outubro.
Concedidos desde 1901, os Prêmios Nobel honram aqueles que, nas palavras de seu criador e cientista Alfred Nobel, “trouxeram o maior benefício para a humanidade”.
O vencedor recebe um cheque de 11 milhões de coroas suecas, o equivalente a 5,32 milhões de reais.