04/07/2025 - 14:56
Maioria dos desertores foge via China, no norte, mas desta vez civil norte-coreano conseguiu deixar país pela fronteira sul, fortemente vigiada. Militares sul-coreanos auxiliaram homem a completar travessia.As Forças Armadas sul-coreanas informaram nesta sexta-feira (04/07) que um civil da Coreia do Norte atravessou com sucesso a fronteira terrestre de seu país rumo à Coreia do Sul.
A rara operação de travessia durou cerca de 20 horas e contou com a ajuda de militares sul-coreanos.
Embora milhares de pessoas tenham fugido da ditadura da Coreia do Norte para o Sul desde a divisão da península na década de 1950, a maioria segue uma rota indireta, atravessando primeiro para a China.
Isso se deve ao fato de que a fronteira entre Coreia do Norte e Coreia do Sul é fortemente vigiada e possui milhares de minas terrestres, dificultando a travessia.
O que se sabe sobre a travessia?
O homem foi detectado pela primeira vez pelos equipamentos de vigilância militar sul-coreanos entre 3h e 4h da manhã de quinta-feira (no horário local), em uma área próxima a um riacho dentro da Zona Desmilitarizada (DMZ).
Ao longo do dia, ele permaneceu imóvel para evitar ser capturado, e em alguns momentos foi difícil rastreá-lo devido à vegetação densa, segundo os militares sul-coreanos.
Naquela noite, tropas sul-coreanas se aproximaram e fizeram contato próximo à Linha de Demarcação Militar, a fronteira de fato dentro da DMZ.
“O exército identificou o indivíduo perto da MDL, realizou rastreamento e vigilância”, disseram as Forças Armadas. As tropas então “conduziram com sucesso uma operação padrão de orientação para garantir a custódia”.
Ao conseguir entrar em contato com o homem, as tropas indicaram que eram militares da Coreia do Sul e que o guiariam na travessia.
Ele então cruzou a fronteira e se juntou aos soldados sul-coreanos, que o escoltaram para fora da faixa de segurança rumo ao sul.
Como a maioria das pessoas escapa da Coreia do Norte?
Cerca de 34 mil norte-coreanos desertaram para a Coreia do Sul desde a Guerra da Coreia nos anos 1950.
No entanto, o número de pessoas que conseguem deixar o país rumo ao sul cai a cada ano com o crescimento de tensões na fronteira.
Travessias diretas pelos 248 quilômetros de comprimento e 4 quilômetros de largura da zona desmilitarizada são extremamente raras e perigosas, devido às minas terrestres, vegetação densa e constante vigilância militar.
A zona-tampão serve como fronteira de fato entre os dois países, que tecnicamente ainda estão em guerra desde que a Guerra da Coreia (1950-53) terminou com um armistício, e não com um tratado de paz.
A maioria dos desertores que tentam fugir do regime de Kim Jong-un arriscam a travessia pela China atravessando o rio Yalu, a oeste, ou o rio Tumen, a nordeste. A fronteira também é vigiada, mas menos letal que a fuga pelo sul.
Para evitar serem repatriados à força pela China, muitos seguem o caminho por países terceiros e buscam refúgio em embaixadas e consulados sul-coreanos. A Coreia do Sul possui um programa de reassentamento e naturalização para cidadãos que fugiram do país vizinho.
O presidente sul-coreano, Lee Jae Myung, tem feito esforços para reconstruir a confiança com o Norte desde que assumiu o cargo no mês passado, incluindo o desligamento de alto-falantes que transmitiam propaganda contra a Coreia do Norte ao longo da fronteira.