12/01/2018 - 11:03
A nova embaixada dos Estados Unidos em Londres, que Donald Trump colocou no centro de uma polêmica, é uma fortaleza em um bairro simples e que encarna o desafio de combinar um bom aspecto com as novas exigências em termos de segurança.
Não há na memória dos britânicos a data de construção em Londres do último edifício com fosso – o mais famoso deles é a Torre de Londres -, provavelmente na Idade Média, mas a nova embaixada americana, projetada pela empresa de arquitetura Kieran Timberlake (dos arquitetos Stephen Kieran e James Timberlake) tem um que evitaria, por exemplo, um ataque com caminhão.
A embaixada é uma caixa de vidro, apoiada sobre uma colunata e é coberto por barras estilizadas e onduladas que o distinguem. O edifício – e daí veio a polêmica com Trump – está em um bairro sem graça, industrial e mal comunicado às margens do rio Tâmisa, conhecido como Nine Elms.
A construção custou cerca de um bilhão de dólares, que acredita-se ter sido amplamente financiado pela venda da antiga legação a um fundo de investimentos catariano que o converterá em hotel.
O novo edifício não cria unanimidade entre os críticos. O da revista The Economist sentenciou: “aqueles desesperados por encontrar um símbolo da atual administração americana na nova embaixada em Nine Elms encontrarão um com muita facilidade: é uma caixa achaparrada e fortificada dentro de um fosso”.
O do periódico dominical The Observer comparou sua decoração “a um vanilla-latte da Starbucks”, a cadeia de café americana.
Trump alegou a, em sua visão, mudança ruim da praça Grosvenor, no belo bairro de Mayfair, para Nine Elms como justificativa para suspender sua visita a Londres.
“É como se mudar do Upper East Side de Nova York para Nova Jersey”, explicou ao New York Times Peter Rees, que foi responsável pelo urbanismo da City de Londres.
Desde que, em 1785, John Adams – depois presidente – se tornou o primeiro embaixador do recém-nascido Estados Unidos em sua antiga metrópole, Washington sempre teve sua legação nesta praça, embora o último edifício que a acolheu fosse de 1960 e, como este, nunca agradou a todos.
O edifício da Grosvenor, coroado com uma grande águia que se tornou seu símbolo, havia ficado obsoleto, “não cumpria as necessidades de um escritório moderno e as exigências de segurança”, disse o anterior embaixador americano em Londres, Louis Susan, ao revelar o projeto vencedor de Kieran Timberlake.
As legações diplomáticas americanas têm sido alvo frequente de atentados, como a de Dar es Salaam, na Tanzânia, destruída por uma bomba em 1998, ou de invasões, como na de Teerã em 1979 após o triunfo da Revolução Islâmica – que acabou no sequestro durante meses de seus diplomatas -, ou, mais recentemente, o consulado de Benghazi, que acabou com o assassinato do embaixador na Líbia Chris Stevens.
Por isso, o foco agora é a segurança. Os arquitetos do edifício disseram que enfrentaram o desafio de criar “uma grande sensação de boas-vindas à comunidade e, ao mesmo tempo, cumprir as exigências funcionais específicas de segurança, do trabalho diplomático e de sustentabilidade”.