A empresa formada com a associação da Arezzo e o Grupo Soma será estruturada ao longo deste ano, sem pressa, segundo Alexandre Birman, da Arezzo e presidente-executivo da nova companhia. O cronograma da operação prevê assembleias gerais extraordinárias para a aprovações no primeiro semestre deste ano. A data limite definida foi o fim do primeiro semestre de 2025.

Falando nas melhoras operacionais que a incorporação trará, Birman citou a troca de experiências nas gestões de plantas industriais e canais de vendas. Um dos focos iniciais será a expansão da categoria calçados nas marcas Farm, Animale e Hering.

Outro ponto será a otimização de franquias Hering, além do desenvolvimento deste canal na Farm, de acordo com Birman. “Nos tornamos o maior agente de franquias do Brasil.”

A nova companhia vai ter quatro verticais. A de calçados e acessórios femininos ficará sob o comando de Luciana Wodzik. Hering será uma vertical independente, com Thiago Hering como presidente-executivo.

Como já anunciado, Roberto Jatahy, do Soma, será líder da vertical de vestuário feminino e Rony Meisler, de vestuário masculino.

A nova marca deve ser apresentada nos próximos quatro meses.

Segundo Roberto Jatahy, a expansão do mercado endereçável está nos planos – “o sonho é ser uma empresa global”.

Os executivos disseram que o novo grupo é o maior da moda na América Latina. São 34 marcas, com 2.057 lojas, sendo 1.520 franquias.

Hering

Um dos atuais desafios do Soma, que é integrar a marca Hering, vai ter apoio com a chegada da Arezzo. “Hering tem uma alavanca que é o reposicionamento de marca, e o time do Birman vai ajudar nisso”, afirmou Jatahy.

Birman disse que o legado da família Hering, sobretudo o parque industrial, é um dos ativos de grande valor na operação. “Pretendo dedicar boa parte do meu tempo como CEO do grupo em Blumenau [onde é a sede da Hering].”

Valores das sinergias

A Arezzo e o Grupo Soma não confirmaram valores de sinergias para a associação das companhias, anunciada nesta segunda-feira. Na semana passada, veículos jornalísticos informaram que o valor seria de R$ 4,5 bilhões, segundo fontes próximas à negociação.

O presidente-executivo da Arezzo, que comandará o grupo a ser formado com a fusão, não confirmou a cifra, mas disse que ela “não assusta”. Enquanto o ano de 2024 será de estruturação das bases da nova empresa, o início da captura das sinergias deve ser em 2025, segundo Birman.

A Arezzo contratou consultoria da Bain & Company para avaliar as sinergias. De acordo com Rafael Sachete, diretor financeiro da Arezzo, o trabalho foi feito ao longo de seis meses. “Não vamos falar de números, mas são sinergias importantes. A maior sinergia é sempre a de receitas. A gente vai economizar, pela nossa margem bruta isso é importante, mas se a gente conseguir aumentar as vendas a conta estará muito bem paga”, disse.

Para Gabriel Lobo, diretor financeiro do Soma, a otimização principal será com despesas de vendas. “Olhando pela nossa perspectiva, vamos ter maior captura, não de redução, mas de otimização com vendas. Ou seja, usar a escala para investir de forma mais inteligente”, afirma.

Do ponto de vista operacional, Birman cita que a Arezzo tem conhecimento na área de franquias que poderá trocar com a Hering. Este é um assunto que o Grupo Soma não tem experiência, já que prioriza lojas próprias.

O executivo também vê que pode desenvolver maior proximidade entre a área de criação e a indústria na Hering. Há planos de curto prazo também para lançamento de uma linha de calçados.

As marcas seguirão completamente independentes do ponto de vista das lojas. “A experiência de loja é individual. A gente nunca pensou em outro modelo. Marcas tem seu DNA, sua vida”, afirma Birman.

Um caminho para maior eficiência porém, será na parte que os cliente não veem. “Nossa área bruta locável dentro de shoppings aumenta de forma considerável. Então queremos encontrar oportunidades para estocagem, por exemplo. Nos Centros de Distribuição (CDs) também há espaço para integração. Atualmente são 7 exclusivos”.