22/05/2002 - 7:00
Manter o alto padrão de vida depois da aposentadoria requer várias acrobacias pelo mundo das finanças. Muito se fala dos fundos de previdência privada PGBLs (plano gerador de benefício livre) como a tábua de salvação. Porém, em muitos casos a badalada aplicação pode não ser suficiente. Se você tem uma renda anual a partir de R$ 1 milhão dificilmente o investimento em apenas um desses planos garantirá os rendimentos da aposentadoria nos mesmos patamares. É preciso mais, muito mais. A boa notícia é que novas aplicações estão pipocando no mercado. Agora, é possível comprar um produto internacional e receber os benefícios em dólar, euro ou, se preferir, na moeda inglesa. Há cerca de 300 representantes de companhias estrangeiras no Brasil. Outra opção é entregar a missão para um consultor financeiro especializado. Também vale vasculhar as prateleiras dos fundos de previdência nacional que começam a chegar na versão private. Apenas este ano, essa indústria cresceu 3,5%, somando
R$ 24,5 bilhões. É claro que a estratégia escolhida irá depender dos objetivos e da disposição de cada um para correr riscos.
Receber a aposentadoria em moeda estrangeira é uma das formas mais arriscadas, mas nem por isso menos tentadora. ?Os bônus das seguradoras européias aumentam os lucros em até 50%?, afirma uma consultora financeira que comercializa produtos de previdência das companhias inglesas Royal Sun Alliance e a Eagle Star. Um executivo de 40 anos que pretende aposentar-se aos 60 anos, pode fazer remessas anuais de US$ 15 mil para ter uma renda vitalícia de US$ 60 mil ao ano. Os cálculos são feitos com juros médios de 9% ao ano. Caso prolongue o negócio por mais cinco anos, ele não precisará investir mais nada e chegará aos 65 anos com um benefício bem melhor, US$ 90 mil. Já quem começar aplicando acima de US$ 20 mil ganha um bônus imediato de 20%.
Em geral, os planos estrangeiros mais conservadores mesclam títulos do tesouro americano e europeus e ações de maior liquidez. Os mais arriscados têm papéis de fundos dos países emergentes. Em qualquer um, a aplicação é um caminho sem volta por no mínimo três anos. A interrupção é punida com taxas severas. Outro problema é o custo. Para fazer as remessas ao exterior, a tributação torna o investimento muito caro e as outras maneiras são ilegais. A Superintendência de Seguros Privados (Susep) não reconhece produtos financeiros de empresas que não operam no Brasil.
Nacionais. Então, para quem acha a estratégia complicada, mas se interessa pelo aval estrangeiro na aposentadoria, há opções no mercado brasileiro. A Real Previdência e Seguros, por exemplo, é uma empresa que pertence ao grupo holandês ABN, e possui produtos de previdência na versão private. Ou seja, quem aplicar mais de R$ 20 mil por mês num fundo PGBL pode ter uma carteira exclusiva, que mescla ativos de renda fixa e até 49% em variável. A distribuição pode ser feita conforme o gosto do cliente e o tempo do investimento. Os mais jovens têm o privilegio de arriscar uma maior parcela em ações. No curto prazo, o melhor é manter uma estratégia mais conservadora. Há ainda a isenção da indesejada taxa de carregamento do PGBL, que é descontada em cada contribuição. Sem esse custo, que varia entre 2,5% a 5%, a rentabilidade do negócio fica bem mais convidativa.
No entanto, o grande apelo desses planos de previdência é o incentivo fiscal. ?Os PGBLs são imbatíveis para quem consegue deduzir o valor das contribuições no Imposto de Renda?, afirma Flávio Perondi, diretor de Vida da Real. O abatimento não pode passar de 12% dos ganhos totais. Quem tem uma renda tributável de R$ 1 milhão, por exemplo, deverá aplicar no máximo
R$ 120 mil num PGBL. Acima disso, o negócio não é mais
vantajoso. A equação pode ser solucionada com um plano no
modelo VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), que tem a carteira semelhante ao PGBL. A diferença está na tributação. Não há incentivo fiscal, mas em compensação o desconto de 20% do Imposto de Renda não incide sobre os rendimentos. Só é deduzido no valor investido. No próximo mês, o Real lançará o novo produto com a opção de fundos exclusivos, atendendo aos objetivos de aposentadoria de um único cliente. A meta é assegurar no futuro cerca de 70% do ganhos atuais.
Para atingir esse objetivo de renda na aposentadoria, o investidor pode ainda considerar os planos de renda garantida, que ressurgem das cinzas. A aplicação deverá voltar a ser comercializada nos próximos meses, após uma nova regulamentação da Susep. Em média, terá assegurado um benefício com a correção do IGPM mais 4%. Há cinco anos, o modelo foi abandonado devido ao elevado risco nas contas das empresas, porque ficam obrigadas a pagar um rendimento fixo por um longo prazo, que pode ultrapassar os 20 anos. A BrasilPrevi, do Banco do Brasil que tem associação com a americana Principal Financial Group, já está engatilhada para relançar esse tipo de plano de previdência.
As estratégias do planejamento da aposentadoria não param por aí. Marco Simonovitch, da Patagon, aconselha diversificar os investimentos. A sugestão é mesclar os planos com investimento direto na compra de títulos públicos do governo. A aplicação permite ao cliente calcular os ganhos futuros e saber de antemão quanto terá no bolso na hora de tirar as férias vitalícias.