26/05/2014 - 10:36
O chefe da junta militar que assumiu o poder na semana passada na Tailândia recebeu nesta segunda-feira a aprovação do rei e ameaçou reprimir a oposição.
Em sua primeira entrevista coletiva como chefe da junta, o general Prayut Chan-O-Cha afirmou que eleições serão organizadas o mais rápido possível, mas que não existe um calendário para entregar o poder aos civis neste país de 67 milhões de habitantes.
Prayut Chan-O-Cha recebeu a aprovação do palácio durante uma cerimônia que não teve a presença do rei Bhumibol, de 86 anos.
“Com o objetivo de restaurar a paz e a ordem, e pelo bem da unidade do país, o rei nomeou o general Prayut Chan-O-Cha, que terá como missão administrar o país a partir de agora”, afirma a ordem real.
A mensagem indica que Prayut havia alertado a casa real que a violência em Bangcoc e em outras regiões do país poderia aumentar e ameaçar a segurança nacional.
“Prestei juramento e me comprometi e realizar minha tarefa com honestidade”, disse o general à imprensa.
“Esperamos poder resolver os problemas o mais rápido possível para retornar ao sistema democrático”, completou.
A monarquia tailandesa tem como líder o venerado rei Bhumibol Adulyadej, de 86 anos, que está doente, mas que ainda inspira grande respeito entre grande parte dos tailandeses.
O respaldo do monarca, uma verdadeira “bênção”, é tradicionalmente um procedimento chave para a legitimação dos recorrentes golpes militares no país: 19, entre os que tiveram sucesso e simples tentativas, desde 1932.
Ao mesmo tempo, a junta militar ameaçou “intensificar” a resposta aos manifestantes contrários ao golpe de Estado, que prometeram protestar nas ruas.
“Se os opositores voltarem a protestar, vou intensificar a aplicação da lei e serão levados ao tribunal militar”, declarou o general Prayut Chan-O-Cha.
No domingo, mais de mil pessoas protestaram em Bangcoc contra o golpe anunciado na quinta-feira.
O general indicou que a junta permanecerá no poder até que a situação seja resolvida e não informou se pretende, eventualmente, ser o primeiro-ministro.
Os militares restringiram várias liberdades civis e proibiram as concentrações de mais de cinco pessoas.
Os opositores ao golpe protagonizaram vários protestos, aparentemente espontâneos, no centro de Bangcoc desde sexta-feira passada.
Mais de mil manifestantes saíram às ruas de Bangcoc no domingo para protestar contra o golpe de Estado na Tailândia, um desafio à junta militar, que proibiu as manifestações.
O novo regime dissolveu no sábado o Senado, que permanecia em função apesar da suspensão da Constituição, e transferiu o poder legislativo a Prayut Chan-O-Cha, que assumiu o controle do governo após sete meses de crise política, período que registrou 28 mortes.
A junta prendeu vários políticos, entre eles a ex-primeira-ministra Yingluck Shinawatra, irmã de Thaksin Shinawatra, ex-chefe de Governo destituído por um golpe de Estado em 2006.
bur-dma/fp