10/10/2012 - 21:00
O que parece ser uma nova largada da indústria, o ponto de partida da virada, marco zero de promissores avanços pela frente, sobressai dos números do IBGE divulgados na semana passada. Por eles, o parque nacional cravou um crescimento de 1,5% em agosto. É a maior taxa já registrada em 15 meses e, como se trata da terceira alta consecutiva, demonstra uma consistência dessa trajetória de retomada. O ganho de musculatura foi geral: ao menos 20 setores saíram beneficiados. O de bens duráveis, por exemplo, que recentemente foi estimulado com a baixa do IPI, registrou aumento acumulado de 9,4% nos últimos três meses.
As medidas oficiais demonstram estar surtindo efeito para a recuperação de parte importante da produção. A indústria brasileira vinha de um longo inverno, com quedas consecutivas, e pesou decisivamente no magro resultado que o PIB tem apresentado nos últimos tempos. Em paralelo a esse incremento da atividade surgem mais investimentos. Na área automobilística, por exemplo. Novas regras e índices de nacionalização têm sacudido a rotina das montadoras. Várias delas desengavetam agora projetos, como mostra a reportagem a partir da página 70. Na outra ponta do processo, ficou também mais fácil, e barato, comprar máquinas e equipamentos em geral.
Com juros facilitados, as aquisições estão até compensando mais do que manter o dinheiro aplicado. Os empreendedores comemoram. O ponto fora da curva continua a ser a política cambial, que, embora tenha auxiliado os exportadores a partir da valorização do dólar versus o real, segue prejudicando de maneira indiscriminada todos os segmentos que necessitam importar peças e componentes. O protecionismo desconjuntado nesse caso tem prejudicado maiores avanços. Na média da América Latina, a estimativa para o índice do PIB brasileiro deve ficar bem abaixo. A Cepal calcula que a região cresça algo em torno dos 3,2% no ano contra o 1,6% previsto para o Brasil. Falta muito chão, mas ao menos o País foi recolocado no rumo do crescimento.