Menos de oito horas após sua eleição pelo Parlamento, a nova primeira-ministra da Suécia, Magdalena Andersson, foi forçada a renunciar nesta quarta-feira (24) após o fracasso de seu orçamento e a retirada de seus aliados ecologistas do governo.

“Há uma prática constitucional segundo a qual um governo de coalizão renuncia quando um partido sai. Não quero liderar um governo cuja legitimidade esteja em questão”, declarou a líder social-democrata, acrescentando que espera ser reeleita em uma votação futura.

Andersson havia se tornado a primeira mulher eleita para o cargo após vários dias de árduas negociações, mas sofreu um duro revés.

Na terça-feira à noite, esta economista e ex-nadadora de 54 anos, até agora ministra das Finanças no governo do primeiro-ministro em fim de mandato Stefan Löfven, chegou a um acordo de última hora com o Partido de Esquerda, o último apoio de que faltava para ela liderar o governo.

+Cronologia da crise migratória entre Belarus e a União Europeia

Porém, os problemas começaram quando o Partido de Centro anunciou que não apoiaria o orçamento do governo devido ao pacto com a formação de esquerda.

Resultado: o mesmo Parlamento que a elegeu pela manhã colocou sua proposta orçamentária em minoria à tarde, aprovando a da oposição de direita, preparada pela primeira vez com um partido de extrema direita.

Andersson disse que poderia lidar com a questão. Mas seu aliado verde, único partido da coalizão governamental minoritária, disse que era inaceitável governar com uma lei de finanças com a marca da extrema direita.

Pouco depois do fracasso orçamentário, o partido ecologista anunciou a saída do governo, o que obrigou Andersson a renunciar.

O presidente da Câmara, Andreas Norlén, indicou que aceitava sua renúncia e irá entrar em contato com os chefes dos partidos, antes de decidir na quinta-feira como proceder.

Equilíbrios políticos

Os equilíbrios políticos do Parlamento sueco, que fizeram com que as negociações demorassem quatro meses para a formação de um governo após as últimas eleições em 2018, não permitem uma alternativa a um primeiro-ministro social-democrata, segundo analistas.

Destituído por um voto de confiança em junho, Stefan Löfven teve que retornar ao cargo em julho. Após sete anos no poder, em agosto anunciou que renunciaria em novembro, a menos de um ano das eleições legislativas de setembro de 2022.

Conhecida por seu estilo direto, que lhe rendeu o apelido de “polivalente”, Andersson havia tomado a frente do partido social-democrata no início de novembro.

A Suécia, embora tenda a liderar as listas de igualdade de gênero, nunca havia tido uma mulher como primeira-ministra, ao contrário de todos os outros países nórdicos.

Entusiasmada por ter sido a primeira mulher a chegar ao poder depois de 33 homens desde 1876, Andersson havia dito que esta quarta-feira era “um dia especial”.