10/05/2006 - 7:00
Durante quase um ano, especulou-se no mercado segurador sobre o destino de Helio Novaes, após 30 anos de carreira na SulAmérica ? sete deles no comando da segunda maior companhia de seguros do País. O suspense, agora, está prestes a acabar. O executivo, que deixou a seguradora carioca em março do ano passado em meio ao fogo cruzado entre os sócios controladores, decidiu alçar vôo solo e está abrindo um negócio próprio: a Quórum Corretora. ?Tanta gente me procurou pedindo palpite depois que saí da SulAmérica que resolvi profissionalizar a ajuda?, diverte-se Novaes. Mudar de lado neste balcão significa aventurar-se em um segmento complicado, que, além de extremamente pulverizado (há 55,4 mil corretoras espalhadas pelo País), conta, nos últimos anos, com a presença de gigantes internacionais como Aon e Marsh. Novaes não se intimida e aposta na sua bagagem no setor. ?Não estamos aqui para fazer experiência?, diz.
A Quórum faz sua estréia com dois escritórios, um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro (onde está concentrado 70% do setor de seguros), e 72 funcionários. A unidade de São Paulo está praticamente pronta. Ocupará um andar inteiro de mil metros quadrados na Avenida Paulista. Em vez de se especializar em um nicho, a proposta é trabalhar tanto com grandes riscos corporativos quanto com seguros massificados, incluídos aí previdência privada e capitalização. Para encarar a disputa com as corretoras peso pesado, Novaes aposta em novos produtos. Entre eles, um pacote de seguros voltado para o setor imobiliário, que garantirá desde a qualidade do imóvel até a sua entrega, no caso de financiamentos feitos na planta, passando pela cobertura de riscos tradicionais, como incêndio. A Quórum também vai formatar seguros destinados à venda em grande escala e oferecidos à clientela de administradoras de cartão, bancos, empresas telefônicas e lojas de departamentos.
O maior trunfo da corretora, no entanto, é a rede de contatos de Novaes. Ele carrega para cima e para baixo uma resma de 13 folhas com nomes, endereços e telefones de potenciais clientes VIP que ele pretende atender pessoalmente. ?Não atiro a esmo?, diz. Quem o conhece, confirma. ?Novaes tem experiência como poucos e é bastante conhecido no mercado?, atesta José Luiz da Motta, presidente da Tokio Marine, que foi colega de Novaes por 12 anos na SulAmérica. ?Ele começou como assistente comercial e chegou ao topo?, observa. Se desfruta de reputação de expert, Novaes tem também fama de centralizador. E nenhuma experiência como empreendedor. ?Como executivo, ele já foi testado?, observa o consultor independente Luiz Roberto Castiglione. ?Agora, vai ter de mostrar sua capacidade empresarial.?