A empresa farmacêutica suíça Novartis concordou em pagar mais de US$ 642 milhões em acordos para encerrar os processos em que é acusada de suborno nos Estados Unidos, de acordo com nota do Departamento de Justiça do País.

O primeiro acordo refere-se ao alegado uso ilegal de três fundações como canal para pagar os pacientes do Medicare (programa de saúde do governo) que tomam os medicamentos da Novartis, Gilenya e Afinitor. O segundo acordo resolve reivindicações decorrentes dos supostos pagamentos de propinas da empresa a médicos.

O grupo é acusado de organizar palestras e eventos sob o pretexto de fornecer conteúdo educacional quando, na verdade, serviram como um meio de fornecer subornos para os médicos palestrantes. A Novartis pagava honorários aos médicos, supostamente como compensação por proferir uma palestra sobre os seus medicamentos.

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A investigação alega que muitos desses eventos eram apenas sociais, realizados em restaurantes caros, com pouca ou nenhuma discussão sobre os medicamentos da Novartis. Em algumas palestras, os oradores nem compareciam e era pago uma taxa para induzir o médico a prescrever os medicamentos Novartis.

“Através deste acordo e de outros, o governo demonstrou seu compromisso em garantir que as empresas farmacêuticas não usem propinas para influenciar os medicamentos prescritos por médicos ou comprados por pacientes”, disse a promotora geral assistente Jody Hunt, da Divisão Civil do Departamento de Justiça, em nota.

Posicionamento

A Novartis, em comunicado divulgado em seu site, afirmou que espera que suas novas iniciativas ressoem mais como uma maneira de as pessoas aprenderem na era digital. “A Novartis fará a transição de seus programas de educação médica predominantemente para formatos digitais e usará médicos externos remunerados apenas em circunstâncias limitadas”, explica o posicionamento.

O CEO da Novartis, Vas Narasimhan, ressaltou que os acordos da empresa com a justiça estão ligados ao compromisso de sempre aprender. “Hoje somos uma empresa diferente – com nova liderança, uma cultura mais forte e um compromisso mais abrangente com a ética. Com esses acordos, marcamos um ponto importante em nossa jornada para construir confiança com a sociedade”, finaliza.