08/11/2022 - 3:24
O assunto sobre a possível ou improvável vida em Marte é envolto em mistérios. No entanto, é certo que o mínimo indício de vida extraterrestre acende um enorme fascínio. Desse modo, as pesquisas no Planeta Vermelho, embora não sejam conclusivas, sinalizam que a Terra provavelmente não é o único refúgio de vida no Sistema Solar, visto que as sondas identificam vestígios importantes presentes no planeta, como traços de micróbios e metano – gás presente na Terra produzido principalmente por atividade biológica.
Nesse contexto, um sinal de vida especialmente valioso é a presença de água. Contudo, já é sabido que há bilhões de anos a superfície de Marte continha água, mas ainda é discutido entre os cientistas se Marte abrigava um oceano em seu hemisfério norte de baixa altitude. Entretanto, dados de topografia e comparações com a Terra indicam que o planeta realmente hospedou um oceano antigo e maciço.
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Recentemente, os pesquisadores conseguiram apresentar evidências definitivas de que há cerca de 3,5 bilhões de anos, a área (hemisfério norte) abrigava um oceano que se espalhava por centenas de milhares de quilômetros e tinha, pelo menos, 900 metros de profundidade.
Para chegar em tais conclusões, os estudiosos utilizaram um software desenvolvido pelo United States Geological Survey para mapear dados da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA) e do Mars Orbiter Laser Altimeter. Na pesquisa foram descobertas cordilheiras fluviais que se estendiam por mais de 6.500 quilômetros, agrupadas em 20 sistemas. Além disso, o estudo mostrou que as cordilheiras são provavelmente remanescentes de linhas costeiras antigas, como deltas de rios ou cinturões de canais submarinos.
De acordo com Benjamin Cardenas, professor assistente de geociências da Penn State e principal autor do estudo publicado recentemente. no Journal of Geophysical Research: Planets, “O que imediatamente vem à mente como um dos pontos mais significativos aqui é que a existência de um oceano desse tamanho significa um maior potencial para a vida […] As rochas em Aeolis Dorsa capturam algumas informações fascinantes sobre como era o oceano. Foi dinâmico. O nível do mar subiu significativamente. As rochas estavam sendo depositadas ao longo de suas bacias em ritmo acelerado. Muitas mudanças aconteceram aqui.”
É possível estudar Marte comparando com a Terra, no sentido de usá-la como parâmetro estrutural. Os tipos de estruturas e texturas geológicas que a água cria com as rochas em nosso planeta já são conhecidos, então se há o mesmo tipo de coisa em Marte, é possível supor que a água também esteve presente lá.
Dessa forma, o princípio que orienta a busca por sinais de água em Marte é justamente a busca por rochas e demais estruturas que se formaram por conta da ação da água. Com os dados coletados na pesquisa, os autores obtiveram mapas com as localizações, as espessuras e as elevações do sistema de cristas, o que possibilitou o entendimento sobre a paleogeografia da região como nunca antes.
Assim sendo, a área que hoje é chamada de Aeolis Dorsa, já foi na verdade um grande oceano alimentado por uma densa rede de rios. Ademais, os pesquisadores concluíram que havia em Marte um grande sistema de água: “A estratigrafia que estamos interpretando aqui é bastante semelhante à estratigrafia da Terra […] Parece uma grande afirmação dizer que descobrimos registros de grandes hidrovias em Marte, mas, na realidade, esta é uma estratigrafia relativamente mundana. É geologia de livro didático quando você a reconhece pelo que é. A parte interessante, é claro, é que está em Marte.”, afirmou Cardenas.
Com as novas evidências, as possibilidades de que havia vida em Marte parece algo cada vez mais próximo de comprovação. Se realmente há indícios de vida, o oceano descoberto apresenta-se como sendo o lugar perfeito para procurar mais sinais, visto que as condições são muito favoráveis.