16/11/2018 - 8:03
Seria preciso ganhar sozinho pelo menos nove vezes o prêmio da Mega-Sena acumulada que será sorteada neste sábado (17) para ter comprado a tela Portrait of an Artist (Pool with Two Figures), do artista inglês David Hockney, leiloada quinta-feira (15) pela Christie’s em Nova York. O valor da venda, de US$ 90,3 milhões, é o mais alto já alcançado pelo trabalho de um artista vivo. Hockney tem 81 anos. A Mega-Sena pagará R$ 37 milhões.
O recorde anterior numa obra de artista vivo já durava cinco anos, a brilhante escultura Orange Balloon Dog (imagem 1 abaixo), do americano Jeff Koons, vendida por US$ 58,4 mihões em 2013. A tela de Hockney negociada pela Christie’s foi produzida em 1972 e é considerada uma das três mais relevantes do artista. Nela estão presentes dois de seus temas favoritos: uma piscina e um retrato duplo. O comprador não foi informado.
Pintor, desenhista, gravador, fotógrafo, cenógrafo. E sempre multimídia. Fax, Polaroid, fotocopiadoras, antes, e iPhone, iPad e Photoshop, mais tarde, são áreas de atuação, técnicas e ferramentas utilizadas pelo artista. Numa descrição feita pelo jornal italiano La Repubblica, Hockney “parece puxar um fio entre os grandes movimentos do passado e a ansiedade de experimentar coisas do presente e do futuro, sem medo de mudar”.
Essa propensão ao risco e ao novo move Hockney, que não separa tecnologia de arte. Nos últimos oito anos, ele usa o iPad para desenhar e pintar. “A tecnologia sempre contribuiu para a arte, afinal, o pincel é uma peça de tecnologia, não é?”
No mesmo leilão foi vendida outra obra dele, Sprungbrett mit Schatten (Paper Pool 14), pintada em 1978, que tinha valor estimado entre US$ 6 milhões e US$ 8 milhões e foi negociada por US$ 7,2 milhões.
O inglês, que começou a ficar conhecido no Reino Unido nos anos 60, se transformou em um dos artistas vivos mais populares, embora seu trabalho inicialmente não fosse levado a sério pelas cores vivas e figuras realistas demais.
Especialistas das artes plásticas acreditam que o recorde na tela de Hockney indica que o mercado esteja se dirigindo a peças de artistas vivos, numa reação aos preços exagerados de obras clássicas.
A obra de arte mais cara da história foi leiloada exatamente um ano antes da venda da tela de Hockney, também pela Christie’s. Salvator Mundi (imagem 2 abaixo), de Leonardo da Vinci, foi arremetada por US$ 450,3 milhões, seis vezes mais que a do artista inglês.