O Novembro Azul é uma campanha mundial que conscientiza sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata. A doença é a segunda mais comum entre os homens brasileiros, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer. Em 2019, estima-se mais de 68 mil novos casos.

Anualmente, diversas entidades apoiam e promovem ações em prol da causa a fim de que o público masculino se atente mais à própria saúde. É o equivalente ao Outubro Rosa, que alerta para o câncer de mama e à saúde da mulher.

Neste ano, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) inicia mais uma edição da campanha com o tema “Seja herói da sua saúde” e tem como padrinhos o chef de cozinha Henrique Fogaça e o ex-jogador de futebol Zico.

Surgimento

O movimento nasceu em um pub na Austrália, em 2003, quando Adam Garone, o irmão e um amigo estavam tomando cervejas e conversando. Ao longo do bate-papo, eles acabaram falando sobre a moda dos anos 1970 e como o bigode tinha caído em desuso. O dia terminou com um desafio: passar todos os 30 dias de novembro com bigode.

No país da Oceania, o termo ‘mo’ é uma gíria para a palavra em inglês moustache (bigode) e eles resolveram batizar a ação de Movember – em alusão ao mês de novembro. O desafio teve aderência de 30 homens que, ao final, se reuniram para premiar o pior e o melhor bigode.

No ano seguinte, o grupo quis legitimar ainda mais a iniciativa e, inspirado pelas mulheres que o cercava – e todo o movimento do Outubro Rosa -, pensou na saúde do homem e descobriu que o câncer de próstata é o mais comum entre os homens.

Depois de elaborar uma proposta para envolver o público masculino com a própria saúde, Garone entrou em contato com o CEO da Fundação do Câncer de Próstata australiana. O executivo até gostou da ideia, mas disse que não poderia, como organização ultraconservadora, se aliar a um movimento “divertido”. Mas disse que, se o grupo conseguisse arrecadar fundos para a entidade, a parceria seria feita.

Após a conversa com o CEO, Garone persistiu e, reunindo 450 homens que mantiveram seus bigodes, arrecadou US$ 54 mil que foram doados para a Fundação do Câncer de Próstata. Em 2005, a campanha ganhou mais força, começou a se espalhar por outros países e em 2011 chegou ao Brasil, com o nome que conhecemos hoje, por meio do Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL).

No Brasil

No País, as ações vão desde a iluminação de prédios e monumentos históricos com a cor da campanha até intervenções em espaços públicos com orientação de médicos. Palestras e realização de exames também são oferecidos. Em 2018, o LAL promoveu mais de 460 ações que atingiram cerca de 100 milhões de pessoas.

Importância

“A campanha vem crescendo de maneira muito forte nos últimos anos e tem uma importância tão grande quanto a de mama. A doença (câncer de próstata) é perfeitamente curável, desde que detectada precocemente. A campanha visa alertar a população, principalmente a masculina, sobre a necessidade do exame periódico”, diz Geraldo Faria, coordenador da campanha Novembro Azul da SBU.

O exame para detecção do câncer de próstata deve ser realizado a partir dos 50 anos de idade, mas antes disso o homem já pode se consultar com um urologista. Há um grupo de risco em que o tumor é identificado mais cedo e que precisa iniciar o rastreio a partir dos 45 anos: são os homens negros, aqueles com parentes de primeiro grau que tiveram a doença e os obesos.

O Novembro Azul dá ao homem a chance de olhar para a própria saúde de uma forma integral. “É a oportunidade de identificar outros agravos da saúde masculina, é a porta de entrada para identificar, por exemplo, problemas cardiológicos, no trato urinário. Mas o cuidado tem de ser de novembro a novembro”, reforça Faria.

Ações

Diversas entidades, seja do setor público ou privado, se unem para apoiar a causa do Novembro Azul. Neste ano, a programação da Sociedade Brasileira de Urologia será marcada por intervenções em espaços públicos com a presença de urologistas, ligas de urologia das faculdades de Medicina e orientações à população com o Dr. Prost, mascote da campanha.

Monumentos e órgãos públicos espalhados pelo Brasil serão iluminados de azul, como o Palácio do Planalto, no Distrito Federal, e o Palácio Bandeirantes, em São Paulo.