A queda de parte do teto do Osasco Plaza Shopping, na tarde desta quarta-feira, 8, em Osasco, na Grande São Paulo, fez os moradores da cidade se recordarem de outra tragédia que aconteceu no mesmo centro comercial há 27 anos, no dia 12 de junho de 1996: uma explosão por vazamento de gás que resultou na morte de 42 pessoas e em mais de 370 feridos.

Ao Estadão, moradores da cidade e comerciantes da região lembraram o que estavam fazendo no dia da explosão e como vivenciaram o caso de quase 30 anos atrás. E disseram que o que aconteceu nesta quarta-feira automaticamente despertou neles a lembrança da tragédia da década de 90.

Paulo Santos, de 50 anos, já trabalhava como comerciante no centro da cidade, perto da shopping, quando aconteceu o trágico acidente 96. Ele lembrou do barulho da explosão “que fez tremer todo o quarteirão”. Mesmo assim, ele não se intimidou e correu até o lugar para ajudar no socorro às vítimas.

“Aquela parede ali”, diz apontando para a parte de trás do shopping, “abriu um buraco enorme”, diz. “Eram escombros por todos os lados e muita gente ferida”, conta.

Para ele, a queda da estrutura na tarde desta quarta-feira fez as pessoas automaticamente voltar no tempo do acidente de quase 30 anos atrás. “Esse shopping está marcado. O apelido dele aqui na cidade é ‘Sai de Baixo’”, diz.

Para alguns moradores de Osasco, como Deise Maria Silva, de 54 anos, e para o aposentado Almir Donizete, de 60, o shopping “já deveria estar fechado”. “Não era mais para funcionar. Não é o primeiro (acidente) que acontece. Graças a Deus dessa vez não houve vítimas”, disse Deise. O casal mora há mais de 30 anos na região central da cidade, próximo ao shopping.

A prefeitura de Osasco informou nesta quarta-feira que o Auto de Vistoria dos bombeiros para o local estava em dia, com validade até julho de 2024. O shopping não se manifestou sobre o acidente. As causas devem ser investigadas pela polícia e pelo Crea.

O comerciante Rui Tobias, de 65 anos, que administra uma loja de doces a metros de distância do shopping, também lembra do buraco que abriu na parede do centro comercial por conta da explosão de 96.

Havia um cheiro de gás forte nas redondezas, vindo do shopping. “Eu lembro do shopping deixando as janelas e algumas portas abertas para sair o cheiro de gás”, diz.

Três anos depois do acidente, a Justiça de São Paulo condenou cinco pessoas pela explosão: o diretor comercial do shopping e quatro engenheiros. Todos foram absolvidos em 2005 pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, por falta de provas. As vítimas foram indenizadas após o processo chegar ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).