02/07/2025 - 9:52
O novo presidente-executivo da Intel, Lip-Bu Tan, está avaliando uma grande mudança em seus negócios de fabricação sob contrato para conquistar grandes clientes, disseram duas pessoas familiarizadas com o assunto à Reuters, em uma modificação potencialmente cara em relação aos planos de seu antecessor.
Se implementada, a nova estratégia para o que a Intel chama de negócio de “fundição” implicaria não mais comercializar certas tecnologias de fabricação de chips, que a empresa desenvolveu há muito tempo, para clientes externos, disseram as pessoas.
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Desde que assumiu o comando da empresa em março, Tan agiu rapidamente para cortar custos e encontrar um novo caminho para reanimar a fabricante norte-americana de chips. Em junho, ele começou a verbalizar que um processo de fabricação no qual o ex-presidente-executivo Pat Gelsinger apostou fortemente, conhecido como 18A, estava perdendo seu apelo para novos clientes, disseram as fontes.
Para desconsiderar as vendas externas do 18A e de sua variante 18A-P, processos de fabricação cujo desenvolvimento custou bilhões de dólares à Intel, a empresa teria que fazer uma baixa contábil, disse uma das pessoas familiarizadas com o assunto. Analistas do setor contatados pela Reuters disseram que tal cobrança poderia representar uma perda de centenas de milhões, senão bilhões, de dólares.
A Intel se recusou a comentar sobre tais “cenários hipotéticos ou especulações de mercado”. A empresa afirmou que o principal cliente do 18A é a própria Intel há muito tempo e que pretende aumentar a produção de seus chips para laptop “Panther Lake” no final de 2025, os quais chamou de os processadores mais avançados já projetados e fabricados nos Estados Unidos.
Persuadir clientes externos a usar as fábricas da Intel continua sendo fundamental para o seu futuro. Enquanto seu processo de fabricação 18A sofreu atrasos, a tecnologia N2 da rival TSMC está a caminho da produção.
A resposta preliminar de Tan a este desafio: concentrar mais recursos no 14A, um processo de fabricação de chips de próxima geração no qual a Intel espera ter vantagens sobre a TSMC, disseram as duas fontes. A mudança faz parte de uma estratégia para atrair grandes clientes como a Apple e a Nvidia, que atualmente pagam para a TSMC fabricar seus chips.
Tan encarregou a empresa de preparar opções para discussão com o conselho da Intel quando o colegiado se reunir ainda este mês, incluindo a possibilidade de interromper a comercialização do 18A a novos clientes, disse uma das duas fontes. O conselho pode não tomar uma decisão sobre o 18A até uma reunião subsequente no outono no hemisfério norte devido à complexidade do assunto e ao enorme volume de dinheiro em jogo, disse uma fonte.
A Intel se recusou a comentar o que chamou de rumor. Em um comunicado, afirmou: “Lip-Bu e a equipe executiva estão comprometidos em fortalecer nosso plano, construir confiança com nossos clientes e melhorar nossa posição financeira para o futuro. Identificamos áreas claras de foco e tomaremos as medidas necessárias para recuperar os negócios”.
2024 foi o primeiro ano não lucrativo da Intel desde 1986 — a empresa registrou um prejuízo líquido atribuível à empresa de US$18,8 bilhões.
As deliberações do CEO da Intel demonstram os enormes riscos — e custos — que estão sendo considerados para recolocar a renomada fabricante norte-americana de chips em uma posição sólida. Assim como Gelsinger, Tan herdou uma empresa que havia perdido sua vantagem na fabricação e ficou para trás em movimentos tecnológicos cruciais das últimas duas décadas: computação móvel e inteligência artificial.
A empresa tem como meta a produção em larga escala do 18A ainda este ano, com seus chips internos, que devem chegar antes dos pedidos de clientes externos. Entretanto, a entrega do 14A a tempo de conquistar contratos importantes não é garantida, e a Intel pode optar por manter seus planos atuais para o 18A, disse uma das fontes.
A Intel está adaptando o 14A às necessidades dos principais clientes para torná-lo bem-sucedido, disse a empresa.