Segundo Hugo Rodrigues, Chairman da WMcCann, a tendência de um consumidor que deve ser impressionado em poucos segundos em meio ao mundo digital de conteúdos ultracurtos não deve parar – pelo contrário, a tendência é que isso continue ou se intensifique.

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O publicitário, que sucede Washington Olivetto na agência, entende que esse contexto faz do consumidor mais ‘disperso e ansioso’.

“O que estamos vivendo hoje é um tsunami de informações, e você acaba sendo interrompido de uma linha de raciocínio seja lá o que você esteja fazendo. Essa é uma coisa que vem acontecendo, e você pode perceber no seu rol de amigos: estamos muitas vezes ‘aqui’, mas estamos distantes”, analisa.

“Essa já começa a ser uma consequência dessa economia atual, dessa economia que vivemos pós revolução industrial, onde tínhamos uma tendência mais linear, e agora com a revolução digital – que você mesmo faz parte quando acessa um app de um banco, você já se transforma em um consumidor digital – essa economia não para de crescer e ela tende a nos deixar mais ansiosos, mais dispersos e menos focados, então fica mais difícil para qualquer um roubar ou ganhar sua atenção”, completa.

A WMcCann é uma das maiores agências de publicidade do Brasil, com sede em São Paulo e escritórios no Rio de Janeiro e Brasília. A agência atende a grandes marcas como Chevrolet, Banco do Brasil, Seara, MasterCard, BNDES e outras.

Hugo Rodrigues foi escolhido pelo grupo americano Interpublic para suceder Washington Olivetto na WMcCann em meados de 2017, depois de ter liderado uma das maiores viradas do mercado publicitário ao levar a Publicis do 12º ao 2º lugar no ranking de agências.

Com a WMcCann, a história se repetiu, com a agência saindo de 15º para 1º do ranking em 2020 e 2021, segundo o CENP-Meios.

Microinfluenciadores estão ganhando mais espaço e devem ganhar ainda mais, diz Hugo Rodrigues

Rodrigues ainda destaca que a conhecida ‘economia dos creators’ deve seguir aquecida nos próximos anos, todavia o mercado agora olha com mais carinho para criadores de conteúdo com públicos menores mas que tem grande proximidade com o público.

“A gente passar por uma transformação no mercado de publicidade em todo o mundo. Os próprios grupos de comunicação vem comprando cada vez mais empresas de Inteligência Artificial (IA) e de creators. É uma tendência que não deve parar em pouco tempo, porque é uma economia nova, que gera muito resultado, e que tem o dinamismo do nosso atual cotidiano”, analisa.

“Então quando falamos de creator, imaginamos pessoas com 1 milhão de seguidores, mas existe uma economia com os microinfluenciadores que cresce muito, porque você pode impactar mais grupos de forma mais íntima, já que com menos influenciadores você se conecta de forma mais personalizada. Essa tendência deve continuar”, conclui.

Desde a pandemia, medo impacta comportamentos de consumo

Sobre mudanças no comportamento de consumo, Hugo Rodrigues destaca que nos últimos anos, de forma global, o medo e as incertezas tem produzido mudanças relevantes em como os consumidores reagem à publicidade.

“A que estamos vivendo é uma série de eventos que impacta o nosso comportamento humano. A gente veio de uma pandemia e concomitante entramos em duas guerras, temos transformações políticas e climáticas acontecendo o tempo todo, e isso faz com que nosso comportamento – mesmo sem a gente perceber – fique mais travado, mais truncado, que gera medo”, explica.

“Esse medo gera um comportamento mais egoísta nas pessoas, e isso não é culpa de ninguém, mas é aí que marcas, produtos, serviços, tentam oferecer mais conforto, tentam servir como babá, como especialista de cuidado, para ganhar sua confiança e te transformar em um lover. Não é culpa de ninguém. A publicidade responde a anseios do consumidor, e anseios comportamentais que não param de se transformar”, completa.