SÃO PAULO (Reuters) – O novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, disse nesta quarta-feira que uma das primeiras medidas à frente do cargo será a solicitação de estudos sobre a desestatização da Petrobras, conforme discurso realizado em Brasília, na sede da pasta.

Sachsida afirmou que também vai solicitar ao ministro Paulo Guedes, presidente do Conselho do PPI, que leve ao colegiado a inclusão da estatal do pré-sal PPSA para avaliar as alternativas para sua desestatização.

“Ainda como parte de meu primeiro ato solicito também o início dos estudos tendentes à proposição das alterações legislativas necessárias à desestatização da Petrobras”, disse ele.

“Fundamental também darmos prosseguimento ao processo de privatização da Eletrobras”, acrescentou.

O processo da Eletrobras já foi aprovado no Congresso, mas agora enfrenta alguns obstáculos no Tribunal de Contas da União.

No caso da Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro afirmou no passado que a privatização havia entrado “no radar”, mas um encaminhamento da desestatização não prosperou, enquanto alguns analistas mencionaram que seria “sonho” tentar privatizar a petroleira em ano eleitoral.

Bolsonaro tem se queixado de forma recorrente da Petrobras, considerando que os lucros da empresa são absurdamente altos, enquanto a população sofre com alta dos combustíveis.

Exportação de café do Brasil cai 24% em abril com baixa oferta na entressafra

Sachsida, um defensor de ideias liberais e crítico a políticas intervencionistas, foi nomeado ministro nesta quarta-feira após Bolsonaro exonerar Bento Albuquerque do cargo.

A saída do Almirante da Marinha, que estava no cargo desde o início do governo Bolsonaro, ocorre em meio à insatisfação declarada do presidente com reajustes de preços de combustíveis pela Petrobras, além de um cenário de tarifas de energia elétrica pressionadas por reajustes na casa de dois dígitos para 2022.

Sachsida, nome próximo do ministro da Economia, Paulo Guedes, ocupava até então a posição de chefe da Assessoria Especial de Assuntos Econômicos da pasta. Anteriormente, havia sido secretário de Política Econômica do ministério. Ele tem boa relação com Bolsonaro, de quem tem recebido elogios públicos nos últimos meses.

O novo ministro de Minas e Energia já se posicionou abertamente contra a adoção de subsídios para baratear o preço de combustíveis, medida já estudada internamente no governo e no Legislativo.

“Entendo a demanda do Congresso e da população, mas cabe a nós mostrar que determinadas medidas darão resultado oposto ao esperado. Se queremos reduzir o preço dos combustíveis, precisamos tomar medidas estruturais que atraiam investimentos e valorizem o real”, disse ele em março deste ano, ao ser perguntado sobre o tema do subsídio a combustíveis.

De acordo com uma pessoa próxima a Sachsida, que falou sob condição de anonimato, o novo ministro é uma pessoa que luta pelo que acredita e teria grande dificuldade em ceder a pressões em sentido oposto.

Outra fonte da equipe econômica ressaltou que Sachsida é um dos principais defensores das medidas de consolidação fiscal do governo e que trabalhou diretamente em todas elas.

“Ele foi contra a criação de um fundo de 100 bilhões de reais para subsidiar combustíveis como chegou a circular no Congresso. Ao mesmo tempo formulou uma série de medidas para os caminhoneiros, o pai dele era caminhoneiro”, afirmou a fonte.

Na segunda-feira, a Petrobras anunciou um reajuste de 8,87% do preço médio do diesel em suas refinarias, apesar de na semana passada Bolsonaro ter apelado diretamente a Albuquerque e ao presidente da estatal, José Mauro Coelho, para que não houvesse novos aumentos sob o risco de uma “convulsão” no país.

(Por Nayara Figueiredo e Letícia Fucuchima em São Paulo, reportagem adicional de Victor Borges em Brasília; edição de Roberto Samora)

tagreuters.com2022binary_LYNXNPEI4A17B-BASEIMAGE