11/02/2004 - 8:00
Faz tempo que o samba deixou de ser ?coisa de vagabundo, de malandro?. Mas imaginar que a famosíssima Estação Primeira de Mangueira um dia desceria o morro para entrar no mundo dos negócios… aí já é demais. Mas não é que isso aconteceu? Em março de 2005 o verde-e-rosa iluminará a Praça 11, no Centro do Rio de Janeiro. Trata-se da casa de shows Estação Primeira do Samba, uma imponente construção de 3 mil metros quadrados e capacidade para mil pessoas. O projeto está orçado em R$ 15 milhões, mas o pessoal da Mangueira, bom malandro que é, não vai botar a mão no bolso. A verba vem dos três sócios: Paulo Amorim e Gladston Tedesco, donos da paulistana Tom Brasil, e José Maria Monteiro, presidente da agência de marketing e promoções ZMM. A Mangueira entra com o seu nome poderoso e o terreno, onde antes funcionava sua antiga quadra de ensaios ? de lambuja terá um espaço para vender produtos com sua marca. O lucro será repartido em três partes iguais. ?A inauguração desse espaço é um antigo sonho da Mangueira?, diz, com exclusividade à DINHEIRO Álvaro Luiz Caetano, presidente da eterna escola de Cartola e Dona Zica, que agora dá seus primeiros passos de terno-e-gravata.
A Estação Primeira do Samba promete entrar no circuito turístico da Cidade Maravilhosa e fazer história. ?Há uma grande demanda por um lugar como esse?, diz Letícia Bezerra de Mello, diretora de marketing da rede de hotéis Othon. Em tempos de carnaval, por exemplo, a Mangueira recebe 25 mil visitantes por semana. ?Os turistas que sempre vão à quadra agora terão outra opção?, diz Letícia. A programação de shows será cuidadosamente es-
colhida. Os artistas se apresentarão por longas temporadas, à la Broadway. Cada ingresso, com direito a um show de 30 minutos da bateria verde-e-rosa, apresentação do artista da noite, bebidas e um jantar tipicamente brasileiro, vai custar R$ 120. Os sambistas do morro não foram esquecidos. Toda terça-feira o preço cai para R$ 10 e ainda haverá um espaço para ensinar música, arte e dança a mais de 100 crianças da comunidade.
O grande negócio, entretanto, virá dos patrocínios. Ao todo, eles devem render R$ 20 milhões em cinco anos. A cota principal virá da empresa que estiver interessada em ligar sua marca a um dos maiores patrimônios culturais do País ? algo nos moldes do Credicard Hall e do Directv Music Hall. Como diria aquele locutor da apuração dos votos do desfile carioca, ?Estação Primeira de Mangueira… Dez!?