30/09/2025 - 8:52
Os Estados Unidos se preparam nesta terça-feira, 30, para uma paralisação do governo (shutdown) já que parece ser improvável que republicanos e democratas cheguem a um acordo para prorrogar o financiamento após o prazo de meia-noite.
O Senado, controlado pelos republicanos, deve votar um projeto de lei de gastos temporários que já falhou uma vez, sem nenhum sinal de que uma segunda votação trará sucesso. Os democratas querem modificar o projeto de lei de gastos para prorrogar os benefícios de saúde que expiram no final do ano para milhões de norte-americanos. Os republicanos dizem que devem tratar dessa questão separadamente.
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Quais as consequências?
As agências federais divulgaram planos detalhados que fechariam escritórios que realizam pesquisas científicas, atendimento ao cliente e outras atividades não consideradas “essenciais” e mandariam milhares de trabalhadores para casa se o Congresso não chegar a um acordo sobre uma solução antes que o financiamento expire à meia-noite (horário local).
As companhias aéreas advertiram que uma paralisação pode atrasar os voos, enquanto o Departamento do Trabalho disse que não divulgará seu relatório mensal de emprego, um termômetro da saúde econômica dos EUA.
Os democratas tentaram criar uma divisão entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e seus aliados republicanos no Congresso, dizendo que o presidente demonstrou interesse em prorrogar uma isenção fiscal que reduz os custos de saúde para 24 milhões de norte-americanos em uma reunião na Casa Branca na segunda-feira.
“Está nas mãos do presidente a possibilidade de evitarmos uma paralisação”, disse o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, após a reunião.
O vice-presidente, JD Vance, afirmou que os democratas haviam de fato proposto algumas ideias “razoáveis” na reunião, mas disse que eles não deveriam ameaçar fechar o governo para atingir seus objetivos.
Qualquer acordo de última hora também teria que ser aprovado pela Câmara dos Deputados, controlada pelos republicanos, que não deve se reunir até quarta-feira, após o término do financiamento.
Os confrontos relacionados ao orçamento se tornaram uma característica rotineira em Washington, uma vez que a política do país tem se tornado cada vez mais disfuncional, embora muitas vezes sejam resolvidos no último minuto. O governo fechou pela última vez por 35 dias em 2018 e 2019, durante o primeiro mandato de Trump, devido a uma disputa sobre imigração.
Em questão está US$1,7 trilhão que financia as operações das agências, o que equivale a cerca de um quarto do orçamento total de US$7 trilhões do governo. A maior parte do restante vai para programas de saúde e aposentadoria e pagamentos de juros sobre a crescente dívida de US$ 37,5 trilhões.
A disposição de Trump de ignorar as leis de gastos aprovadas pelo Congresso injetou mais incerteza desta vez, e ele ameaça ampliar sua ofensiva contra servidores públicos federais caso os parlamentares permitam uma paralisação do governo.
“Se o Congresso não fizer seu trabalho, então você permite que o Poder Executivo o faça da maneira que achar melhor. Esse é um motivo muito bom para não termos uma paralisação”, disse o senador republicano Mike Rounds, de Dakota do Sul.
Trump também se recusou a gastar bilhões de dólares aprovados pelo Congresso, levando alguns democratas a questionar por que deveriam votar em qualquer legislação de gastos. Embora os republicanos controlem as duas casas do Congresso, eles precisam de pelo menos sete votos democratas para aprovar a legislação no Senado.
Últimas paralisações
Há dois períodos recentes de shutdown nos EUA, um em 2013 que durou 16 dias e outro entre 2018 e 2019 que durou 35 dias e que são bem documentados.
“Em ambos os casos os juros curtos subiram na perspectiva politica mais incerta, além da falta de dados mais precisos sobre a economia (num shutdown os dados de Inflação, mercado de trabalho e PIB por exemplo são prejudicados com a paralisação do BLS e o BEA, o equivalente ao nosso IBGE)”, relembra o economista André Perfeito.