A atração de um novo sócio estratégico para a Raízen, maior produtora global de açúcar e etanol de cana que enfrenta aumento do endividamento, é uma opção que a Cosan aprecia como forma de melhorar a estrutura de capital da empresa que também atua na distribuição de combustíveis.

“Trazer um novo sócio para a Raízen é uma opção que nós gostamos”, disse o diretorpresidente da Cosan, Marcelo Martins, durante teleconferência sobre os resultados do segundo trimestre.

Ele acrescentou que uma “contribuição de capital” seria importante neste momento para a joint venture da Cosan com a Shell.

E ressaltou que, neste momento, não faz sentido a Cosan aportar recursos na Raízen.

A Raízen publicou nesta semana um prejuízo trimestral de R$1,8 bilhão, enquanto a dívida líquida saltou para R$49,2 bilhões, de R$31,6 bilhões um ano antes.

Martins comentou que alternativas para Raízen, incluindo um novo sócio, estão sendo discutidas com a sócia Shell.

“Entendemos os desafios da Raízen… estamos endereçando junto com a Shell… e esperamos ter algo para dizer ao mercado o mais breve possível”, disse.

O executivo acrescentou que um novo sócio com alinhamento com o negócio seria importante.

“Estamos buscando acelerar o máximo possível essas alternativas”, destacou.

Na véspera, executivos da Raízen afirmaram que a companhia deverá prosseguir com vendas de ativos, incluindo usinas, em busca de melhorar as condições financeiras da empresa.

DESALAVANCAR A PRÓPRIA COSAN

Martins disse que, enquanto discutem-se alternativas para a Raízen, a Cosan também segue a sua própria jornada de redução da alavancagem.

“É uma prioridade grande para a companhia a desalavancagem”, afirmou ele, acrescentando que o desafio é fazer isso mantendo um “portfólio equilibrado”.

“A questão do balanceamento de portfólio é relevante, em momento em que estamos discutindo alternativas para própria Raízen.”

Além da Raízen, a empresa tem em seu portfólio a Rumo, a Compass, a Moove e a Radar, que atuam nas áreas de logística ferroviária, gás natural, lubrificantes e gestão de propriedades agrícolas, respectivamente.

Segundo Martins, há ativos que a Cosan considera a venda parcial neste momento.

“Temos algumas conversas em andamento, algumas acontecem há algum tempo, outras são mais recentes”, disse ele, esperando trazer mais clareza ao mercado sobre o tema até o final do ano.

“O esforço não termina este ano, o nosso objetivo é chegar a uma dívida perto de zero na holding, não faz sentido a gente carregar endividamento em holding pura…”, afirmou.

A dívida líquida da Cosan somava ao final do segundo trimestre R$17,5 bilhões, estável ante o primeiro trimestre, mas com uma queda de 19% na comparação anual.