A Coreia do Norte realizou nesta terça-feira um novo teste de míssil e voos militares na fronteira com a Coreia do Sul, informou a agência sul-coreana Yonhap, em uma escalada das provocações que aumentou a tensão na península coreana.

O líder norte-coreano, Kim Jong Un, supervisionou pessoalmente os testes de mísseis balísticos nas últimas semanas, anunciados como exercícios nucleares táticos. Um porta-voz do Exército norte-coreano informou que os exercícios militares foram ordenados em resposta a “ações de provocação” da artilharia sul-coreana perto da fronteira comum.

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O Exército Popular da Coreia (EPC) enviou “uma advertência severa aos militares sul-coreanos que incitam a tensão militar na área da frente com uma ação imprudente”, acrescentou o porta-voz, citado pela agência de notícias estatal norte-coreana KCNA.

O Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas da Coreia do Sul informou, por sua vez, que dez aviões norte-coreanos foram detectados a 25 km da linha de demarcação da fronteira às 22h30 de hoje e a 0h30 de sexta-feira (hora local), e que as aeronaves cruzaram a “linha de reconhecimento” a partir da qual a Coreia do Sul ativa uma operação de resposta automática.

A Coreia do Norte informou hoje que lançou dois mísseis de cruzeiro estratégicos de longo alcance na véspera. Os projéteis viajaram 2.000 km sobre o mar e atingiram seus alvos. O líder do país expressou “grande satisfação” com o teste.

Os lançamentos recentes de mísseis norte-coreanos foram todos exercícios “nucleares táticos”, assistidos pessoalmente pelo líder Kim Jong Un, informou a KCNA na última segunda-feira. “As unidades do Exército Popular da Coreia encarregadas do uso de armas nucleares táticas organizaram exercícios militares de 25 de setembro a 9 de outubro para verificar e avaliar a capacidade de dissuasão nuclear e contra-ataque do país, o que constitui um aviso severo aos inimigos”, publicou.

A agência acrescentou que “Kim Jong Un, secretário-geral do Partido dos Trabalhadores da Coreia e presidente de sua Comissão Militar Central, orientou os exercícios militares no local”.

Em um congresso do partido em janeiro de 2021, Kim esboçou um plano militar de cinco anos no qual delineou o desenvolvimento de armas nucleares menores e mais leves para “usos mais táticos”.

Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos intensificaram os exercícios navais combinados nas últimas semanas, irritando o Norte, que vê os exercícios como um ensaio de invasão e os usa para justificar seus lançamentos de mísseis.

O país revisou suas leis nucleares em setembro, contemplando uma ampla gama de cenários em que poderia usar suas armas nucleares, com Kim declarando a Coreia do Norte uma potência nuclear “irreversível”, fechando a possibilidade de um diálogo sobre sua desnuclearização.

De acordo com a KCNA, o aumento nos testes recentes foi uma resposta às manobras dos três países.

Na semana passada, Pyongyang disparou um míssil balístico de alcance intermediário contra o Japão, enquanto autoridades e analistas dizem que concluiu os preparativos para um novo teste nuclear.

– Sistemas de lançamento –

A afirmação da Coreia do Norte de que seus lançamentos de mísseis são uma “resposta” aos exercícios dos EUA e da Coreia do Sul faz parte de “uma dinâmica espiral bem conhecida” na península coreana, disse o analista Ankit Panda.

“Estou preocupado que este seja o início de uma dinâmica perigosa na península coreana, onde temos dois Estados em acirrada rivalidade e cada um enfrenta fortes incentivos para disparar primeiro em uma crise séria”, alertou.

A Coreia do Norte também divulgou várias fotos de recentes lançamentos de mísseis, testes e exercícios, nos quais Kim é visto supervisionando tudo, dando ordens e posando com soldados.

Os analistas também citaram o fato de Pyongyang não apresentar os últimos lançamentos como testes dos próprios mísseis, mas das unidades de lançamento. “Isso sugere que esses sistemas (de lançamento) estão mobilizados”, escreveu Jeffrey Lewis, do Middlebury Institute of International Studies, no Twitter.

Antes dos exercícios norte-coreanos, os Estados Unidos redistribuíram seu porta-aviões nuclear USS Ronald Reagan para águas a leste da Coreia do Sul. Pyongyang criticou a presença da transportadora, dizendo nesta segunda-feira que os Estados Unidos “representam abertamente uma ameaça militar”, segundo a KCNA.