12/11/2025 - 20:32
O Nubank definiu que o regime de trabalho remoto, adotado amplamente nos últimos anos, será substituído por um modelo híbrido a partir de julho de 2026 – uma decisão que acarretou em uma série de desdobramentos, incluindo demissões e uma tentativa de sabotagem aos sistemas, o que é considerado crime federal.
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Tudo começou quando a empresa, no dia 6 de novembro, comunicou que cerca de 70% dos colaboradores estarão em escritórios pelo menos dois dias por semana nesta fase, e esse número poderá subir para três dias a partir de janeiro de 2027.
A decisão marca uma virada na política de trabalho da fintech, que cresceu com o home office e atingiu mais de 120 milhões de clientes na América Latina durante esse período. Segundo a empresa, a justificativa aponta para a valorização da cultura organizacional, da colaboração presencial e do que chama de “energia que se perde” em ambientes totalmente remotos.
O banco providenciará auxílio para quem precisar se mudar para São Paulo e só cobrará frequência no presencial a partir de julho de 2026.
A transição, contudo, desencadeou tensões internas apesar disso.
Após uma reunião da equipe com cerca de sete mil participantes, 12 funcionários foram demitidos sob alegações de violação do código de conduta da empresa.
O Nubank afirma que não se tratou de protesto contra o modelo híbrido, mas de comportamento considerado inapropriado no encontro.
“O Nubank reafirma que trabalha para preservar canais e rituais abertos para o livre debate entre seus funcionários, mas não tolera desrespeito e violações de conduta. O Nubank não comenta casos individuais de desligamento”, diz o banco, em nota enviada à IstoÉ Dinheiro.
Vélez rebate críticas
Em um post no LinkedIn, Neiva Ribeiro, Presidente do Sindicato dos bancários, rechaçou a decisão da fintech.
“A decisão foi comunicada ao Sindicato no mesmo dia e, em seguida, apresentada na live, onde os funcionários foram convidados a se manifestar pelo chat. Houve reações, já que, mesmo com o prazo de oito meses para transição, a mudança interfere diretamente na vida das pessoas e exige adaptação, mudança de casa, de rotina e reorganização familiar”, disse a presidente.
“Ao final da reunião, 12 trabalhadores foram demitidos por justa causa. O Nubank alega que os profissionais passaram do limite, enquanto os trabalhadores afirmam que apenas manifestaram seu descontentamento”, completou.
Nos comentários, um ex-funcionário do banco criticou a decisão falando que a mesma contrariava a cultura da empresa de questionar a gestão. Vélez rebateu frisando que os comentários ultrapassaram os limites.
“Você tem pouca informação meu amigo. Você não faz ideia do tipo de linguagem e comportamento dessas pessoas. Confundiram um canal corporativo com rede social ou arquibancada de estádio. Você não aceitaria esse comportamento na sua própria casa. Um abraço”, disse o CEO do Nubank.
Crime federal e sabotagem no Nubank
Em outro episódio, dois colaboradores foram desligados por justa causa por suspeita de planejar sabotagem de sistemas internos da empresa – caso que inclusive foi comunicado à polícia.
Não há detalhes sobre qual plano havia sido balizado pelos ex-funcionários, mas teria sido de uma gravidade relevante e que afetaria o sistema financeiro nacional.
O banco não quis comentar o tema, todavia a IstoÉ Dinheiro conseguiu acesso a um memorando do CTO da empresa, Eric Young, que foi enviado aos funcionários.
“Por meio de nossas operações regulares de Segurança da Informação, detectamos que dois funcionários estavam planejando sabotar sistemas internos. Agimos rapidamente para impedir que esses funcionários tomassem qualquer medida concreta em seu plano, utilizando nossas defesas robustas contra qualquer tipo de ameaça”, diz o comunicado.
“Os funcionários foram imediatamente demitidos e denunciados às autoridades. Todas as evidências serão entregues para as devidas providências, e não comentaremos investigações em andamento. Lembramos a todos os Nubankers que qualquer tipo de ameaça ao sistema financeiro é um crime federal e deve ser reportada imediatamente pelo Parker”, conclui o CTO do Nubank.
