Por Andre Romani

SÃO PAULO (Reuters) – O banco digital Nubank mais que dobrou seu lucro líquido ajustado no segundo trimestre deste ano, conforme resultado divulgado nesta terça-feira, com alta na carteira de crédito e taxas de inadimplência que, segundo a companhia, estão dentro do esperado.

O Nubank, cujas ações são listadas na bolsa de Nova York, apurou lucro líquido ajustado de 563 milhões de dólares, acima do lucro de 263 milhões de dólares de um ano antes e superando expectativa de analistas de 472,5 milhões de dólares, segundo dados compilados pela LSEG.

As ações subiram cerca de 6% nas negociações pós-mercado após a divulgação dos resultados.

O diretor financeiro do Nubank, Guilherme Lago, disse à Reuters que a principal motor para o crescimento no lucro líquido do trimestre foi a expansão da margem bruta, especialmente no Brasil, devido ao crescimento da carteira de crédito na comparação anual, para 18,9 bilhões de dólares.

A empresa também viu sua receita líquida subir 65% ano a ano, para 2,8 bilhões de dólares, abaixo da expectativa média de 2,92 bilhões de dólares, segundo dados da LSEG, enquanto seu retorno sobre patrimônio líquido (ROE) anualizado não ajustado, um indicador de lucratividade, ficou em 28%, de 17% um ano antes.

Embora analistas tenham recebido bem os resultados recentes do Nubank, impulsionando uma alta nos papéis de mais de 50% no ano, as taxas crescentes de inadimplência em um momento em que a maioria dos rivais brasileiros estão observando queda são vistas com preocupação.

A inadimplência de curto prazo do Nubank no Brasil caiu 0,5 ponto percentual na base trimestral, para 4,5%, enquanto a taxa de inadimplência acima de 90 dias subiu 0,7 ponto percentual para 7%. Ambas aumentaram na base anual.

Lago disse que o aumento na inadimplência acima de 90 dias no Brasil é resultado principalmente de uma consequência do aumento do indicador de curto prazo no trimestre anterior.

Referindo-se à tendência de alta que o Nubank vem apresentando na inadimplência, o executivo disse que esse aumento “é intencional e tem se comportado 100% dentro das expectativas”.

Ele destacou que o Nubank ampliou a fatia do crédito pessoal em sua carteira de crédito total e agora tem melhores condições de oferecer crédito para segmentos de maior risco, o que explica o crescimento da inadimplência.

“O aumento do risco de crédito planejado tem sido mais que compensado com receitas maiores e isso tem aumentado ainda mais a rentabilidade da companhia”, acrescentou Lago.

O banco alcançou um total de 104,5 milhões de clientes no final do trimestre, a maior parte deles no Brasil. O Nubank também chegou a 7,8 milhões de clientes no México e 1,3 milhão na Colômbia.