18/06/2024 - 13:57
O núcleo interno da Terra é formado por uma liga de ferro e níquel e, segundo pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia, ele está desacelerando em relação à superfície do planeta. O estudo, publicado neste mês na Nature, indica que todas as consequências ainda são desconhecidas, mas que essa mudança pode causar alteração na duração dos dias, que podem ficar mais longos.
A publicação informa que o núcleo interno, localizado a mais de 4.800 quilômetros da superfície terrestre e com dimensões similares às da Lua, diminuiu a velocidade de rotação desde 2010, ou seja, está mais lento que o exterior do planeta. O núcleo terrestre atinge até 5.400°C, o que – além da distância, impossibilita o trabalho de campo pelos cientistas.
As evidências validadas para a pesquisa foram as atividades sísmicas dos terremotos registrados desde então, que representam as movimentações internas do globo. Os pesquisadores se aprofundaram nos estudos sobre as atividades sísmicas da Terra registradas nos terremotos, inclusive os registrados em um mesmo local.
Os dados do estudo incluíram registros de terremotos na região das Ilhas Sandwich do Sul, território britânico, onde houve o registro de 121 terremotos entre os anos de 1991 e 2023. Outra fonte para a pesquisa foram dados de testes nucleares soviéticos, de 1971 a 1974. Informações de testes nucleares franceses e americanos também foram incluídas na investigação.
Essas análises dos cientistas foram transformadas em sismogramas, os registros da movimentação do solo. Eles analisaram como as ondas sísmicas se espalharam pelo planeta e, desta forma, foi possível estimar a posição e tipo de movimentação do núcleo interno.
O pesquisador John Vidale, um dos autores do artigo e professor-reitor de Ciências da Terra na Faculdade de Letras, Artes e Ciências da universidade, diz que essa lentidão no movimento nuclear pode alterar a duração de um dia em frações de segundo, mas isso pode ser praticamente imperceptível para os humanos.
– Conforme aponta o trabalho, essa desaceleração do núcleo terrestre foi consequência de movimentações na parte externa (já que uma é intrinsecamente ligada à outra).
– Essas alterações na superfície formam um campo magnético na Terra, que sofre com as alterações de forças gravitacionais no manto, localizado entre o núcleo e a superfície.
“O núcleo interno desacelerou pela primeira vez em muitas décadas. Outros cientistas defenderam recentemente modelos semelhantes e diferentes, mas o nosso estudo mais recente fornece a resolução mais convincente. Quando vi pela primeira vez os sismogramas que sugerem esta mudança, fiquei perplexo”, disse o professor John Vidale, líder do grupo de pesquisa.