06/02/2025 - 12:13
O volume de endividados no Brasil apresentou queda no mês de janeiro, mas a percepção de endividamento aumentou e, a partir de março, a expectativa é de que a inadimplência volte a subir.
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Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias endividadas fechou o mês de janeiro em 76,1% – representando uma queda de 0,6 ponto percentual (p.p.) ante dezembro e de 2p.p. ante igual etapa do ano anterior. A entidade considera ‘endividado’ todo aquele que contraiu uma dívida em seu nome.
Todavia, a percepção da população é de o endividamento é maior. O levantamento mostra que 15,9% da população se considera “muito endividada”, ante 15,4% no fechamento do ano passado.
Simultaneamente, os dados mostram que um percentual maior de brasileiros está comprometendo uma parte maior da sua renda com dívidas.
O CNC aponta que em janeiro 20,8% dos brasileiros destinaram mais da metade dos rendimentos às dívida – sendo o maior percentual desde maio de 2024.
Em média, as famílias deslocaram 30% dos ganhos para esta finalidade (aumento de 0,2 p.p.).
“Os juros elevados e a seletividade do crédito fazem com que os consumidores procurem fazer menos dívidas e, como efeito adverso, aumentam sua percepção de endividamento. A leve melhora da inadimplência indica que houve um esforço nas casas brasileiras para equilibrar suas finanças, mas o comprometimento crescente da renda acende um sinal de alerta para a economia em 2025″, avalia o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
Nesse contexto, menos famílias relatam estar com dívidas em atraso. No total, 29,1% das famílias estão nessa situação, uma redução ante os 29,3% registrados em dezembro de 2024.
Além disso, o percentual daquelas que não têm condições de pagar o que devem também teve recuo mensal, saindo de 13% para 12,7%.
Inadimplência deve crescer a partir de março
O CNC aponta que endividamento das famílias pode voltar a crescer ao longo do ano e que a projeção é de que os percentuais – que agora tiveram recuos – devem voltar a crescer a partir do mês de março.
A projeção da entidade é que o ano de 2025 feche com 77,5% das famílias brasileiras endividadas e 29,8% inadimplentes.
“A necessidade de recorrer ao crédito para consumo, somada à manutenção de juros elevados, deve tornar a gestão financeira um desafio ainda maior para os consumidores brasileiros”, aponta o economista Felipe Tavares.
Cartão de crédito é o vilão dos endividados
O CNC ainda aponta que o cartão de crédito segue sendo a principal modalidade de crédito utilizada pelos consumidores, representando 83,9% do total de devedores.
Essa modalidade teve uma queda de 2,9p.p. ante igual etapa do anterior, mas seguiu sendo a mais representativa.
O dado vai em linha com levantamentos recentes de outras entidades. A Recovery, empresa do grupo Itaú Unibanco que faz a administração de créditos inadimplentes, aponta que metade das contas em atraso das pessoas físicas envolve cartão de crédito.
A companhia chegou a essa conclusão com base no seu próprio banco de dados, que contempla 33 milhões de clientes com dívidas ativas. O saldo médio dos endividados, segundo esses dados da Recovery, é de R$ 4,3 mil.