Em pouco mais de uma década, o e-commerce saltou sua participação no varejo de 1% para 12% no País. O crescimento é consistente, mas o comércio virtual ainda é pulverizado e nas mãos de nanicos. Ainda assim, o setor deve crescer 20% ao ano, de acordo com projeções da Statista. O cenário promissor faz players ajustarem a estratégia. Como a startup argentina Nuvemshop. Em 2011, a plataforma de e-commerce passou a oferecer soluções simples para que o pequeno comerciante da América Latina passasse a vender on-line e hoje é avaliada em US$ 3,1 bilhões. Com uma base de mais de 100 mil lojas, ela quer alcançar 1 milhão de clientes, tendo o Brasil como principal mercado. Para isso, vai ampliar o foco e mirar também a captação de médias empresas, com faturamento mensal de até R$ 10 milhões. “Estamos colocando mais esforços no segmento de grandes contas que requerem produtos e serviços diferenciados”, disse Alejandro Vázquez, cofundador da Nuvemshop.

Para atrair os varejistas mais estruturados, a empresa criou a Nuvemshop Next, unidade de negócios dedicada. Entre as soluções, oferece aplicativos exclusivos que podem ser adicionados à operação da loja e atendimento diferenciado. Atualmente algumas centenas de clientes integram esse perfil, mas a médio prazo a expectativa é que o número chegue a milhares. “A ambição é grande”, disse Vázquez. Considerando que parte da receita da startup vem de uma taxa por venda dos clientes, focar em quem vende mais é bom negócio.

POTENCIAL Brasil é o principal mercado da Nuvemshop. Previsão é que o e-commerce cresça 20% ao ano. (Crédito:Istock)

Antes de atender às necessidades do médio varejo, a Nuvemshop teve de se estruturar em pontos importantes do setor, como meios de pagamento e logística. Na primeira frente, a empresa investe no Nuvem Pago, sistema integrado às lojas. Em 2022, o serviço processou mais de R$ 640 milhões em vendas entre os 15 mil empreendedores brasileiros que o utilizam. Já o Nuvem Pay é um sistema que armazena informações de faturamento do cliente para compras futuras, agilizando o processo de pagamento. Com ele, Vázquez afirma que a conversão no checkout cresce 7%. Em um cenário em que a taxa de conversão é um problema apontado por 71% dos varejistas, de acordo com pesquisa feita pela startup, o resultado se torna promissor.

Já na parte logística, a empresa tem mais de 30 soluções, que vão de alternativas de envio com os Correios até parceria com transportadoras. Sempre um desafio pelas exigências de entregas cada vez mais rápidas a preços cada vez mais baixos. Por isso, em 2021 a Nuvemshop comprou a plataforma Mandaê, com foco em solucionar, principalmente, a questão dos custos, tida como desafio por 33% dos varejistas. Ao longo de 2022, a Mandaê entregou 4,8 milhões de encomendas, 10% a mais que no ano anterior. “Isso faz parte da nossa missão de baixar as barreiras para que os lojistas possam ser competitivos com os grandes varejistas”, disse Vázquez.

“Estamos colocando mais esforços no segmento de grandes contas que requerem produtos diferenciados” Alejandro Vázquez Cofundador da Nuvemshop.

EDUCAÇÃO Além da aquisição de novos clientes, a manutenção de sua base é fundamental e essa é formada pelos pequenos, que muitas vezes estão tendo a primeira experiência de venda on-line. De acordo com Vázquez, 20% das lojas criadas acabam fechando nos primeiros seis meses. Em compensação, mais de 90% das que atravessam o período de teste conseguem completar mais de dois anos de existência. Para garantir mais longevidade e vendas, parte importante do negócio da startup está no pilar de educação. Além dos cursos gratuitos disponibilizados em seu site, a empresa adquiriu em 2021 a Edtech E-commerce na Prática, que oferece mais de 25 cursos sobre empreendedorismo e tem mais de 50 mil alunos.

Ao longo dos anos, a Nuvemshop já arrecadou mais de R$ 3 bilhões em rodadas de negócios e ganhou posição de destaque em meio às plataformas de e-commerce. Para o futuro, a empresa visa a diversificação do perfil de cliente, desenvolvimento de novas soluções e a entrada na bolsa de valores para continuar o ritmo de crescimento.