Os residentes mais ricos do mundo ficaram muito mais ricos, muito mais rápido do que todos os outros nos últimos dois anos. Esse grupo de super-ricos abocanhou cerca de US$ 42 trilhões – seis vezes mais dinheiro que 90% da população global (pouco mais de sete bilhões de pessoas) conseguiu no mesmo período.

Na última década, esse mesmo 1% ficou com cerca de metade de toda a riqueza criada globalmente. É o que revela o novo relatório da Oxfam, que será lançado nesta segunda-feira no Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça.

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A máxima de que “o de cima sobe, e o de baixo desce” nunca foi tão real. Pela primeira vez em 30 anos, a riqueza extrema e a pobreza extrema cresceram ao mesmo tempo.

O estudo da Oxfam, intitulado “A sobrevivência do mais rico – por que é preciso tributar os super-ricos agora para combater as desigualdades”, defende que haja um amplo e sistêmico aumento na tributação dos bilionários.

Segundo a organização não governamental, que atua em prol do combate às desigualdades, décadas de cortes de impostos para os mais ricos e grandes corporações alimentaram as disparidades no mundo, levando os mais pobres a pagarem mais impostos, proporcionalmente, do que os bilionários.

No Brasil, 85% da população defendem taxação de ricos

A ONG lembra ainda que, segundo dados da pesquisa “Nós e as desigualdades 2022”, 85% da população brasileira defendem uma maior taxação dos mais ricos para que o Estado tenha a capacidade de financiar serviços públicos de qualidade para quem mais precisa.

Hoje, há 284 bilionários no Brasil, segundo a revista “Forbes”, enquanto o país é um dos únicos no mundo que não tributa lucros e dividendos.

— O Brasil enfrenta uma das maiores crises orçamentárias da sua História. É fundamental que aqueles que vêm sendo privilegiados há anos passem a dar sua contribuição — afirma Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.

Segundo a Oxfam, um imposto anual, de até 5%, sobre a fortuna dos super-ricos poderia arrecadar US$ 1,7 trilhão por ano no mundo.