Não houve cerimônia de despedida. Nenhum integrante de alta patente da Microsoft fez qualquer declaração e tudo se resumiu a um breve comunicado. No último dia de dezembro do ano passado, a empresa anunciou oficialmente o fim do MS-DOS, o sistema operacional presente nos primeiros computadores domésticos fabricados pela multinacional IBM na década de 80. Graças ao DOS, Bill Gates tornou-se o homem mais rico do mundo e os consumidores de todo o planeta descobriram que poderiam ter dentro de casa uma máquina capaz de realizar tarefas que antes só eram feitas pelos grandes computadores. ?O DOS foi um marco na história da tecnologia?, afirma Alexandre Leite, gerente de Windows da Microsoft Brasil.

Quem tem mais de 25 anos descobriu o mundo da tecnologia através do DOS. Os primeiros jogos, editores de textos e planilhas de cálculo foram construídos com base nesse sistema operacional. ?Sem o DOS levaríamos mais tempo para chegar ao atual estágio da computação doméstica?, afirma o professor do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco, Silvio Meira. A trajetória do DOS renderia um bom filme de Hollywood no qual Bill Gates seria o personagem central. Tudo começa em 1981, quando a IBM procurava um software para colocar nos seus PCs. A busca estava quase terminando quando os executivos da multinacional conheceram uma jovem companhia, a Microsoft. Na conversa, Gates e seus sócio Paul Allen garantiram ter o software que a IBM procurava para seus PCs. Eles não tinham nada. Foi um dos
maiores blefes do mundo corporativo. Quando os executivos da IBM saíram, Gates começou uma busca frenética pelo programa que terminou encontrando em outra pequena empresa. Pelo software, depois batizado de MS-DOS (Microsoft DOS), ele pagou US$ 100 mil em valores da época e cobrou da IBM US$ 60 por cada cópia instalada. Foi assim que nasceu a Microsoft. Foi assim que ela se tornou mais valiosa que a própria IBM. E foi assim que Gates construiu sua fortuna.

O DOS teve treze versões. A última vez que a Microsoft o trouxe ao mercado foi no lançamento do Windows 95. Desde então, a companhia de Gates não mais estimulou o desenvolvimento de softwares baseados no pré-histórico sistema operacional. O DOS passou para um segundo plano e as versões seguintes do Windows não o trouxeram mais. Com a chegada do Windows XP, o DOS foi varrido por completo da memória da Microsoft e de seus produtos. Ficou apenas o suporte para alguns poucos usuários e fornecedores. A decisão do final de dezembro acabou com toda essa estrutura e daqui em diante quem desejar ter algum software baseado em DOS precisará consultar pela internet um museu de dados montado pela Microsoft em seus computadores.