05/07/2006 - 7:00
Alcides Diniz: cinco anos lutando contra um câncer
A família que é sinônimo de varejo no País está de luto. No domingo 25, Alcides Diniz, o Cidão, 63 anos, segundo dos seis filhos do fundador do Grupo Pão de Açúcar, Valentim dos Santos Diniz, faleceu após cinco anos de luta contra um câncer. Ele foi diretor operacional (cuidava dos funcionários e da manutenção das lojas) na empresa do pai até 1988, quando se desentendeu com o irmão mais velho, Abílio, atual presidente do conselho do Pão de Açúcar, e vendeu os seus 8% de ações ao pai, por US$ 120 milhões.Abílio e Alcides, então, romperam relações e nunca mais se falaram.
Ex-colegas no Pão de Açúcar contam que as desavenças com Abílio começaram quando Alcides passou a brigar por mais poder na companhia. Ele perdeu a parada, mas preservou os amigos que fez na empresa. ?O Alcides não era competente como o irmão, mas era um ótimo sujeito, simpático, querido e muito divertido, o oposto do temido Abílio?, conta um ex-colega de Pão de Açúcar. Segundo ele, esse foi o jeito que Alcides encontrou para competir com a ferocidade do irmão nos negócios. ?Como colega de trabalho, Alcides era um paizão do tipo mafioso, protegia quem era fiel a ele?, conta o consultor de varejo Antonio Carlos Ascar, amigo e colega de Alcides no Pão de Açúcar.
A relação dos irmãos nem sempre foi tempestuosa. Em 1970, Alcides e Abílio dividiram as glórias da conquista da mais tradicional prova automobilística do País, as Mil Milhas de Interlagos. Bon vivant e fã de esportes, Alcides liderou o ranking brasileiro de pólo nos anos 70. ?Eu invisto no prazer. Acho que o único sentido da vida é viver bem?, disse Cidão certa vez.
Adolescente obeso, assim como Abílio, Alcides perseguiu a boa forma a vida toda, com sessões diárias de ginástica e musculação. Depois que deixou o Pão de Açúcar, Alcides montou uma holding, a ASD Empreendimentos e Participações, que administra uma empresa de restaurantes e cozinhas industriais e uma revenda de automóveis da marca Chevrolet. Em 1991, Alcides viu-se envolvido no Collorgate. A ASD teria emprestado US$ 3,7 milhões para pagar despesas pessoais do ex-presidente Fernando Collor de Mello, na chamada ?Operação Uruguai?. Cidão era amigo do ex-presidente.
Com a morte de Alcides, nada muda na composição acionária do Pão de Açúcar, dividida hoje entre Abílio Diniz e o grupo francês Cassino.
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