12/12/2012 - 21:00
O governo finalmente tomou medidas para regular o descompasso cambial que vinha prejudicando a economia como um todo. Decidiu estimular novamente o ingresso de dólares no País através da revisão parcial de uma regra que vinha inibindo investimentos. Na prática, reduziu para um ano o prazo dos empréstimos externos sujeitos ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6%. Nos últimos tempos, captações com até dois anos estavam sujeitas a essa alíquota por serem consideradas de curto prazo e sinalizarem eventuais entradas de capital para especulação e lucro com os juros internos.
A mudança desafoga o crédito, impacta positivamente o real e freia a alta do dólar, cujos patamares têm acarretado, indiscriminadamente, prejuízos a diversos setores da produção brasileira. Ainda é pouco, mas já é um começo. Desde que as autoridades econômicas fizeram uma guinada de política monetária rumo à valorização da moeda americana, muitas distorções foram verificadas na cadeia produtiva, com reflexos diretos sobre o PIB. No parque industrial, que depende fundamentalmente da importação de matérias-primas e componentes, o custo do câmbio com o dólar forte tornou-se insustentável e travou planos de expansão.
Na área de serviços, especialmente turismo, a situação foi pior. A desvalorização do real fez sumir das agências parte do público consumidor. A conta veio nas estatísticas, com um “pibinho” que chocou até o governo, gerado diretamente pela estagnação da demanda nesse setor de serviços. Alguns equívocos como esse na área cambial precisam ser consertados rapidamente, a tempo de recolocar o País no trilho do crescimento em 2013. Não é possível imaginar que, em troca de um benefício pontual aos exportadores – que querem ganhar ao máximo com o achatamento do real e não com eficiência na escala –, os demais segmentos da economia, que fazem o motor girar, saiam comprometidos.
Mesmo empresas estrangeiras aqui instaladas tiveram suas receitas sensivelmente reduzidas por essa prática do dólar alto e não conseguem mais justificar novos investimentos junto a suas matrizes. O encolhimento da produção interna é visível e parte desse recuo pode ser creditada à valorização desproporcional do dólar, que bateu todas as demais aplicações no ano e virou ativo de especulação muito além do razoável. O muro de resistências à entrada de dólares está na contramão do que se verifica em outras praças, ávidas por recursos, e é muito bom que ele comece a ser derrubado aqui.